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João Marques Ramalheira
In "Canção do Mar"
Falar de Ílhavo, é falar do mar - do seu sussurro, da sua canção cujo eco se repercute pelos séculos além. Ílhavo e o mar andam tão unidos como o perfume às rosas e a inquietação à alma humana!

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Conselheiro António José da Rocha ( 1811 - 1904 )

Nasceu em Alqueidão a 02-10-1811, baptizado pelo Padre Manuel Neves do Pranto, este preclaro Ilhavense, filho de Manuel da Rocha Fradinho e de Joana Clara de Assumpção. Foi seu padrinho, o Padre Doutor Manuel da Rocha Couto, professor na Universidade de Coimbra. Pertencia a uma família importante de Vale de Ílhavo, sendo seu pai, o proprietário da Quinta do Barreto. Foi um dos fundadores da então Filarmónica Ilhavense (Música Velha), hoje Filarmónica Gafanhense. No ano de 1836, com a ajuda do amigo ilhavense Conselheiro José Ferreira da Cunha e Sousa, construíram o primeiro teatro de Ílhavo, na então Rua do Passal (onde hoje se encontra a Casa Mortuária). Para o espectáculo de inauguração tinha sido convidada a orquestra da banda da fábrica da Vista Alegre, mas à última da hora a orquestra faltou, pois o seu director que era de política contrária à dos organizadores, não o permitiu. Assim, estes ilhavenses levaram-se em brios e fundaram a Filarmónica Ilhavense. Fez parte do movimento para a criação em Ílhavo (1836), da Guarda Nacional do Concelho. Foi Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça e vice-presidente do Tribunal da Relação do Porto. Em 1837 foi presidente da câmara, altura em que foi construído o cemitério público, calcetadas as ruas da vila, o início do policiamento e o desaparecimento do chamado “Rego”, uma vala que atravessava toda a Rua Direita, bem como as estrumeiras em frente das casas dos pescadores. Foi também deputado por Ovar e Ponte de Lima, tendo sido agraciado com a Comenda da Ordem Militar da Nossa Senhora da Conceição, pelos serviços prestados na magistratura judicial, por proposta do Ministro de Negócios Eclesiásticos e da Justiça. Casou-se em 1844 com D. Maria Emília de Almeida Queirós, filha do Conselheiro Joaquim José de Queirós, de Verdemilho, avô de Eça de Queirós, passando a ser, por afinidade, tio deste ilustre escritor. Tiveram uma filha que faleceu prematuramente. Era irmão de José da Rocha Fradinho, presidente do Tribunal da Relação do Porto, onde viria a falecer em 09-04-1894. António José da Rocha faleceu em 01-01-1904 com 93 anos e está sepultado no cemitério de Ílhavo, num jazigo de família, mesmo ao lado esquerdo da Capela, onde também repousa o Arcebispo Pereira Bilhano. É o Jazigo mais antigo do Cemitério, construído em 1889.

José da Rocha Fradinho ( 1815 - 1894 )

Nasceu em Alqueidão, a 09-04-1815, baptizado pelo Coadjutor Manuel Francisco Carvalho, filho de Manuel da Rocha Fradinho e Joana Clara de Assumpção, neto paterno de Luís da Rocha Fradinho e Maria Luíza e materno de Manuel Roiz e Ignocencia Angélica Vidal, sendo padrinhos José da Rocha Morgado, por quem tocou o Reverendo Dr.º Manuel da Rocha Couto e Maria Clara Ritta de Campos, por quem tocou seu marido, o Capitão Manuel José Roiz. Os padrinhos não estiveram presentes no baptizado. Irmão do Conselheiro António José da Rocha, foi Presidente do Tribunal da Relação do Porto, onde faleceu nesta cidade, solteiro, na Freguesia de S. Martinho de Cedofeita, deixando testamento. Era um magistrado integro e austero e jurisconsulto muito inteligente. O seu funeral passou por Aveiro, onde tinha grandes amizades, seguindo para o Cemitério de Ílhavo, sendo sepultado no Jazigo de família, onde também se encontra o seu irmão e o Arcebispo Pereira Bilhano. Faleceu em 09-04-1894, com 79 anos.

Francisco António Marques de Moura

Nasceu em Aveiro, filho de António Homem de Moura e Maria Cândida, mas passou a maior parte da sua vida em Ílhavo. Pessoa de trato muito afável, estudou na escola médica do Porto, obtendo o diploma de farmacêutico de primeira classe. Desejando seguir a carreira de seu pai, o Dr.º António Homem de Moura, voltou à mesma escola e formou-se em medicina aos 24 anos de idade, tomando logo posse em Ílhavo, como clínico municipal. Chegou a leccionar no Liceu de Aveiro, a cadeira de Introdução à História Natural, cargo que desempenhou com grande mestria e saber. Abraçou também, durante alguns anos, o cargo de Inspector das Escolas do distrito de Aveiro. Foi médico do Convento de Sta. Joana e fez parte do partido Republicano em Aveiro. Foi presidente da câmara de Aveiro em 1906. A nível local destacou-se à frente de várias instituições. Assim, em Abril de 1893, foi incumbido pela Câmara Municipal de proceder à constituição da Associação dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, tendo sido o seu 1º presidente. Dirigiu também o Clube Ilhavense e uma Associação de Beneficência. Pessoa generosa e de bom coração, auxiliou sempre os mais necessitados, pelo que deixou em Ílhavo uma marca indelével do seu carácter benfeitor. Faleceu em 09-10-1914 com 76 anos e está sepultado no Cemiitério de Ílhavo, num Jazigo de família.

Eduardo Maia de Moura ( 1865 - 1917 )

Nasceu em Ílhavo na Rua Nova, em 09-09-1865, baptizado pelo ainda Prior José António Pereira Bilhano, filho de Francisco António Marques de Moura e Maria d'Anunciação Henriques da Maia. Do casamento em 22-06-1895 com Maria Gomes Vieira, nasceram os filhos Anunciação, Eduarda Moura e Francisco de Moura, sendo testemunhas António Frederico de Morais Cerveira, Maria dos Prazeres da Maia Moura e António Pereira Ramalheira, numa cerimónia presidida pelo Prior Manuel Branco de Lemos. Irmão do Dr.º Frederico de Moura, exerceu a sua actividade de medicina em Eixo, pois segundo a imprensa da época, a ingratidão política da sua terra natal, obrigaram-no a escolher outras paragens. Foi Delegado de Saúde em Vouzela. Seguiu as pisadas de seu pai, estando sempre pronto para ajudar os mais pobres e necessitados. Era um homem de coração bondoso. Faleceu em 20-06-1917 com 52 anos e está sepultado no Cemitério de Ílhavo.

António Frederico Vieira de Moura ( 1909 - 2002 )

Nasceu em Aveiro, na Rua do Gravito, Freguesia da Vera Cruz, no dia 28-02-1909, baptizado pelo Prior Manuel Ferreira Pinto, neto paterno de António Homem de Moura e Cândida de Jesus, materno de João André Gomes e Maria Rosa Gonçalves Vieira, filho do Dr.º Francisco António Marques de Moura e Rosa Gomes Vieira (sua segunda esposa), sendo padrinhos o Dr.º António Frederico de Moraes Cerveira e sua esposa, Maria Henriqueta da Maia Alcoforado Cerveira. Com apenas cinco anos, veio para Ílhavo com toda a família, concluindo, na nossa terra, a instrução primária. Fez o ensino secundário em Aveiro no antigo Liceu José Estevão. Matriculou-se na Universidade do Porto, Faculdade de Ciências, onde fez o primeiro ano, transferindo-se depois para a Universidade de Coimbra onde concluiu o curso de Medicina no ano de 1933. Em 1960 licenciou-se em Ciências Históricas e Filosóficas pela Faculdade de Letras da mesma Universidade de Coimbra. Desempenhou o cargo de médico municipal e subdelegado e delegado de saúde do concelho de Vagos. Foi professor no Instituto Superior de Contabilidade de Aveiro (ISCA), Director do então Museu Marítimo e Regional de Ílhavo e Deputado à Assembleia da República nas III e IV Legislaturas, onde fez intervenções sobre: José Estevão, Jaime Cortesão, José Gomes Ferreira, Aquilino Ribeiro, David Cristo, Paulo Quintela, Andrée Crabbé entre outros. Proferiu variadíssimas conferências por todo o país, destacando-se a realizada em Lisboa na Biblioteca Nacional, a realizada no Teatro Aveirense “Medicina e Cultura” em 1988 mas igualmente de destacar as realizadas em Ílhavo, Leiria e Sintra. Publicou textos em vários jornais e revistas. De realçar a publicação de um conto de natal “Os rústicos viram a estrela” na revista do Instituto Luso-Fármaco em 1967. Foi um dos colaboradores do jornal “Beira-Mar”. Defendeu a candidatura de Miguel Torga, seu amigo pessoal, para Prémio Nobel da Literatura. Fez uma biografia do Maestro Duarte Gravato. Escreveu uma carta ao seu colega Dr. Nogueira de Lemos em 21 Fevereiro de 1958 que foi publicada na revista da Ordem dos Médicos (ROM) e no Boletim Informativo da Associação Portuguesa de Urologia. Sob o nome literário de Frederico de Moura publicou: Vista de Olhos de um médico sobre o problema da Criança em 1942, I Centenário da Banda Vaguense, 1860-1960, em co-autoria com Prof. João Marques Ramalheira e Prof. Pereira Teles em 1960, Vestígios de Miguel Torga em 1977, apontamentos para um trabalho sobre a Paisagem de Aveiro, Opúsculo de 1968 publicado em separata na revista “Aveiro e o seu Distrito”, Falas de um Médico, Opúsculo de 1973 que saiu em separata no nº 984 do jornal “Litoral”, Ressonâncias no ano de 1999 e Apontamentos para a História de Vagos em co-autoria com J. Graça e Marques Gomes em 2000. Participou na revista “O Francês das Notas” que estreou a 4 de Setembro de 1924, em Ílhavo e em 8 de Abril de 1973 condenou, veementemente, a célebre repressão policial em Aveiro. Em Janeiro de 2008 a sua filha Rosa Maria Moura Resende editou o livro “Pulso Livre” que se encontrava já organizado pelo seu pai. De referir que o produto da venda deste livro póstumo reverteu na íntegra a favor do Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo (CASCI). Frederico de Moura recebeu vários Prémios, destacando-se a Medalha de Mérito da Ordem dos Médicos secção Zona Centro em Maio de 1997, Medalha Mérito Municipal em prata atribuída pela Câmara Municipal de Aveiro em 1999 e a título póstumo a Medalha de Mérito Municipal em Ouro, atribuída pela Câmara Municipal de Vagos em 2003. Em 2008 o Dr.ºAntónio Malaquias publicou um opúsculo “Evocando Frederico de Moura” em jeito de homenagem. Faleceu em 16-01-2002, com 92 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de Família.

(Nair Alves Figueira de Moura, esposa de Frederico de Moura)

(Texto de João Balseiro com João Aníbal Ramalheira)

Manuel Eduardo Pereira ( O Paz Guerra ) ( 1833 - 1905 )

Muito interessante esta família Eduardo Pereira! Fazem parte dela, com relevo, Padre Emídio Eduardo Pereira, Padre Fernando Eduardo Pereira e Joaquim Júlio Pereira, mais conhecido por Joaquim Borrão. O pai e avô deste, respectivamente, Joaquim Eduardo Pereira e Fernando Eduardo Pereira, eram pintores, tendo feito trabalhos, noutros tempos, na Capela da Vista Alegre e na Capela da N.S. das Dores, segundo informação do seu filho, Paulo Pereira.


Este excelente pintor/desenhista/aguarelista e também actor ilhavense do sec. XIX, era tio, por afinidade, do distinto Drº João Carlos Celestino Gomes e irmão do Padre Fernando Eduardo Pereira, que paroquiou na Chamusca, duma forma relevante. Pertenceu ao Clube dos Novos que tinha a sua sede no Teatro Recreio Artístico (antiga loja dos Vizinhos, no Largo do Oitão). A seu lado, na foto, o quadro de Nª.Senhora da Conceição, de sua autoria (foto cedida pelo Dr.º Manuel José Gomes Vaz Craveiro). Com os actores João da Conceição Barreto, João da Rocha Carolla e Rosa Gomes, inauguraram este Teatro em 6 de Fevereiro de 1876 com as comédias “Camões do Rocio” e “Um Marido Que É Vítima das Modas”. Foi também co-autor (com Gabriel Pereira da Bela e Amadeu Simões Teles) das pinturas que ainda hoje se podem admirar naquelas instalações. Filho de Joaquim Simões Malaco e Maria Luísa do Real, foi baptizado em 11-04-1833 pelo Coadjutor José Nunes do Couto, neto paterno de Tomé Simões Malaco e Maria Pereira, materno de José Pereira Real e Luísa Antónia, sendo padrinhos Manuel, filho de Silvestre Fraco e Joana Rosa, filha de João António Bilhano. Casou com Luísa Gomes de Oliveira Vidal, filha de Manuel José Gomes e Victória Umbelina Vidal em 30-04-1864, sem geração, no mesmo dia do seu cunhado, Gabriel Pereira da Bela. Aprendeu a arte com Chartier Rousseau, que na altura dirigia as oficinas de pintura da Vista Alegre. Em Ílhavo, foi dos primeiros a tentar a douradura em cristal. Trabalhou, com o seu cunhado, na Vista Alegre, mas, por motivos políticos abandonou a fábrica e optou por outras artes, ensinando também. O Dr.º Rocha Madahil dizia que Manuel Eduardo Pereira desenhava a crayon com grande facilidade, a ponto de se confundirem, por vezes, as suas composições, com as de Rousseau. Ensinou várias gerações, até acabar, pobremente, a construir presépios de cortiça, enfeitados com florinhas de gesso e musgo, que depois enviava à Fera de Março, para venda. Neste estilo, fez o Horto das Oliveiras, S. Pedro, S. Madalena, a Varanda de Pilatos, o galo e muitos outros. Segundo o Padre João Vieira Resende, na Igreja Matriz de Ílhavo, esculturou e pintou Santa Clara e Senhor Jesus do século XVIII. Referiu o Dr.º Rocha Madahil, que a ele e a Gabriel Pereira da Bela, se deve um processo de douradura em vidro, resistente aos ácidos. Construíram eles próprios a mufla especial, sacrificando umas poucas libras que dum parente comum herdaram. Faleceu na Rua Serpa Pinto, em 27-03-1905 com 70 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, em local que não conseguimos descortinar. No seu funeral teve o acompanhamento da Filarmónica Ilhavense, executando Marchas Fúnebres ao longo do trajecto.

(Fontes: Dr.º Manuel José Gomes Vaz Craveiro, "Etnografia e História - Bases para a Organização do Museu Municipal de Ílhavo", do Dr. António Gomes da Rocha Madahil, "As Alminhas" do Padre João Vieira Resende e Jornal O Ilhavense)

Gabriel Pereira da Bela (O Sardinheiro) ( 1831 - 1893 )

Este conhecido pintor, cunhado de Manuel Eduardo Pereia, nasceu em Espinheiro a 26-03-1831, baptizado pelo Reverendo Coadjutor José Nunes do Couto, filho de Silvestre Pereira da Bela e Isabel Francisca do Rosário. Em 30-04-1864, na Igreja Matriz, casou com Rosa da Conceição Gomes, sem geração. A cerimónia foi presidida pelo Presbítero Coadjutor José Simões Chuva. Rosa Gomes era irmã de Dionízio Cândido Gomes, João Carlos Gomes, Cónego José Cândido Gomes, António Cândido, Luís Cândido, Cândida Gomes, Maria Vitória e Luísa, esta que viria a casar no mesmo dia da irmã Rosa, com o pintor Manuel Eduardo Pereira. Segundo o Padre João Vieira Resende, Gabriel Pereira da Bela esculturou a imagem de N. Senhora da Soledade, que durante a Semana Santa é exposta na nossa Igreja Matriz, servindo-lhe de modelo uma sua irmã, piedosa e catequista, morta com fama de santidade. Tal como o seu cunhado Manuel Eduardo Pereira, foi discípulo do francês Chartier Rousseau, que em tempos dirigiu as oficinas de pintura da Vista Alegre. Faleceu na Rua Direita em 02-05-1893 com 63 anos e está sepultado no Cemitério de Ílhavo, em sepultura não localizada.

(N.S da Soledade)

(Um agradecimento ao Eng.º Jorge Picado, pela ajuda na pesquisa dos assentos paroquiais destes dois últimos Ilhavenses)

Dionízio Cândido Gomes ( 1840 - 1907 )

Nasceu em Ílhavo a 18-04-1840, baptizado pelo Prior Dionízio Simões Teles. Pai de Diniz Gomes e Vitória Gomes, casado com Rita Cacilda de Anunciação (mais tarde com o nome de Rita da Anunciação Gomes). Era filho de Manuel José Gomes e de Victória Umbelina de Oliveira Vidal. Pertenceu ao partido Progressista e esteve durante quatro anos homiziado, devido a um delito político, provocando-lhe grande sofrimento. Foi por várias vezes presidente da câmara, tendo começado a estrada para as Quintãs e ordenado a reconstrução da ponte da Gafanha de Aquém. Foi juiz da confraria do S.S. e Almas e exerceu o cargo de juiz de paz. Foi um dos fundadores do então Montepio Ilhavense e também um amador dramático, sendo sócio do teatro Ilhavense. Chegou a ser tesoureiro da câmara. Morava ao fundo do Beco da Eira (à Rua Arcebispo Pereira Bilhano), ainda quando este não tinha saída. Os irmãos de Dionízio: João Carlos Gomes, António Cândido (delegado dos Correios em Ílhavo e tesoureiro municipal), José Cândido (sacerdote), Luís Cândido (ajudante da farmácia de João Carlos), Cândida (casada com o ourives José de Oliveira Craveiro), Luísa Cândida (casada com o pintor Manuel Eduardo Pereira, o Paz Guerra), Maria Vitória e Rosa Cândida (casada com o pintor Gabriel Pereira da Bela). Faleceu em 12-03-1907 com 66 anos e está no Cemitério de Ílhavo, na mesma sepultura da sua esposa e filha, Vitória Gomes Vidal. 

(Manuel José Gomes, pai de Dionízio Cândido Gomes)

Diniz Gomes ( 1872 - 1952 )

Autarca (Presidente da Câmara de 16-08-1919 a Junho de 1926 e de 11-10-26 a 30-12-41 e Administrador do Concelho de 1900 a 1901 e de 1907 a 1908), jornalista e publicista. Foi responsável por vários melhoramentos, entre os quais o antigo mercado (Largo do Bispo), quartel dos B.V.I., escola da Rua Ferreira Gordo, a Avenida Dr.º Mário Sacramento, Jardim Henriqueta Maia, Avenida da Saudade e Av. da Senhora do Pranto, esplanada marginal da Costa Nova e monumento ao Arrais Ançã. Foi também maestro da Filarmónica Ilhavense. Era farmacêutico, proprietário da farmácia Diniz Gomes. Foi baptizado em 19-01-1872 pelo Coadjutor João Manuel da Rocha Senos, filho de Dionísio Cândido Gomes e de Rita Cacilda de Anunciação Gomes, sendo padrinhos Manuel de Oliveira Craveiro e Rosalina Cândido Gomes. Casou aos 34 anos com Ascenção Marques Machado de 22 anos, que viria a falecer muito nova em 25-10-1917, com apenas 33 anos, a 24-02-1906, com cerimónia presidida pelo Presbítero Francisco dos Santos Branco. Deste casamento nasceram os filhos Dr.º Vitor Manuel Machado Gomes e D. Edmeia Machado Gomes. Faleceu em 29-01-1952 com 80 anos e está sepultado no cemitério de Ílhavo.

(Ascensão Marques Machado esposa de Diniz Gomes)

José Maria Pereira Teles ( 1891 - 1973 )

Frequentou o Seminário de Coimbra até ao 2º ano de Teologia, matriculando-se, depois, no Magistério Primário. Começou por leccionar em Pessegueiro (Leiria), passando depois por Canelas e Ílhavo onde se aposentou em 1956. Foi director da Escola Masculina de Ílhavo, tendo sido agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem de Instrução Pública, pela Presidência da República. Começou por publicar em 1905 o Jardim, em 1907 a Alvorada, em 1909 um número único do Ilhavense e a Sirene, em 1910 o Brado e finalmente em 1921 o Ilhavense, que ainda hoje se mantém. Escreveu com João Teles e Guilhermino Ramalheira, a revista O Francês das Notas em 1924 e a Nossa Escola, revista infantil dos alunos da Escola Primária da Ferreira Gordo, em 1933. Foi das personalidades Ilhavenses que mais lutou pelo engrandecimento da sua terra, através dos seus escritos ao longo de vários anos. Do casamento em 15-01-1913 com Ascensão Carlota Lau, nasceram os filhos Marília Carlota Teles, Maria do Céu Carlota Teles e João Pereira Teles. Era irmão do Cap. Manuel Pereira Teles e Maria Pereira Teles. Nasceu em Espinheiro a 09-02-1891, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filho de António Maria Pereira Teles e Joana da Silva Paroleira, neto paterno de Manuel Pereira Gateira e Joana Nunes da Fonseca e materno de José Gonçalves da Silva e Rita Maria de Jesus, que também foram padrinhos. Faleceu a 14-03-1973 com 82 anos, encontrando-se sepultado no cemitério de Ílhavo. As cerimónias fúnebres foram presididas pelo Arcebispo de Mitilene, D. Júlio Tavares Rebimbas, tendo-se incorporado todas as corporações e associações do concelho.

(Ascensão Carlota Lau, esposa de José Pereira Teles)

João Simões Teles ( 1886 - 1962 )

Foi autor com os profs. José Pereira Teles e João Marques Ramalheira, da Revista “O Francês das Notas” levada à cena em 1924 no antigo Teatro Municipal em Cimo de Vila (no antigo Convento). Chegou a trabalhar no Porto e no Brasil, ingressando, mais tarde, na Fábrica da Vista Alegre como escriturário. Escrevia duma forma fluente e mordaz, sendo célebres os seus inúmeros textos publicados no jornal O Ilhavense, quer em prosa como em verso, às vezes com o pseudónimo de Saguncho, nas rubricas Fitas da Semana, Coisas de Cá e de Lá e nos artigos sempre elogiosos sobre Ílhavo, sua terra Natal. Foi presidente da Junta de Freguesia e vereador no segundo mandato de Diniz Gomes, altura em que foi construída a Escola Primária da Rua Ferreira Gordo. Casou com Maria dos Santos Bizarro em 23-04-1941. Pai de Manuel Teles e João Teles (da casa Tricana). Filho de Manuel Simões Teles e de Maria Gonçalves de Jesus, nasceu em Ílhavo a 15-03-1886 e faleceu em 21-11-1962 com 76 anos. Encontra-se sepultado no cemitério de Ílhavo

Joaquim Marques Machado ( Quim Camarão, pseudónimo literário ) ( 1880 - 1901 )

Este Ilhavense foi a mais radiosa e prometedora esperança intelectual da nossa terra. Nasceu na Rua do Adro, em 21-03-1880, baptizado pelo Prior João André Dias, filho de Manuel dos Santos Camarão e Luísa Marques Machado, neto paterno de Manuel José Camarão e Maria Joana da Conceição e materno de Manuel Francisco Machado e de Joana Marques d'Azevedo. Depois de frequentar o Liceu de Aveiro, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, não terminando o curso, por motivos de doença. Faleceu muito jovem em 10 de Abril de 1901, com 21 anos, tendo colaborado no Jornal O Nauta e noutras publicações manuscritas do final do século dezanove. Foi sepultado no cemitério de Ílhavo, em Jazigo de família.

Gabriel Ançã - Arrais ( 1845 - 1930 )

Nasceu em Ílhavo a 08-01-1845, filho de João José Ançã e de Maria de Jesus. Foi um símbolo do heroísmo dos homens do mar, tendo salvado ao longo da sua vida, cerca de 123 náufragos, entre os quais 17 do vapor francês “Natalie”, entre a Torreira e S. Jacinto, tendo sido condecorado pelo rei D. Luís, com medalha de ouro por distinção, filantropia e generosidade neste salvamento. Pelos mesmos motivos foi-lhe concedida por decreto de 1898, uma medalha de prata. Ficou célebre esta frase do Arrais: Ah mar, que tu, todo, não cabes dentro do meu cachimbo!... Faleceu em 28-02-1930 com 85 anos estando sepultado no cemitério de Ílhavo.

Manuel Machado da Graça ( 1908 - 1981 )

Nasceu na Rua de Espinheiro em 22-07-1908, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filho de Manuel Nunes da Graça e Maria Marques Machado da Graça, sendo padrinhos Joaquim Marques Machado e Maria Rosa Quininha da Graça. Casou com Angelina Saraiva Ferraz, tendo o filho João Manuel Ferraz Machado da Graça. Notabilizou-se pelas gravuras que esculpia em madeira para poderem ser impressas no jornal "Beira-Mar". Foi co-autor da revista "P'ra Inglês Ver" e Com Papas e Bolos, levadas à cena no antigo Teatro de Cimo de Vila, em 1933. Foi o autor do livro "Falares de Ílhavo" (edição familiar de 2001), compilação iniciada nos anos 30, com lista de nomes, apelidos e alcunhas de família, lenga-lengas e jogo do beliscão. Formou-se em Farmácia, estabelecendo-se em Moçambique, onde foi proprietário da farmácia Estrela, nome em homenagem ao seu pai e seu avô, Fernando Nunes da Graça. O seu pai, Cap. Manuel Nunes da Graça, mais conhecido por Cap. Estrela, considerado na altura como um dos oficiais mais inteligentes e corajosos da marinha mercante, desapareceu no mar, a bordo do Lugre Anfitrite, perto do Cabo da Roca, colhido pelo rebentamento da escota da mezena, que lhe bateu violentamente nas pernas, atirando-o para o mar, em 02-12-1912. Mais tarde regressou a Portugal, onde veio a falecer em São Martinho do Bispo a 18-05-1981.

Marília Ferreira Pinto Basto e Mello ( 1895 - 1973 )

Nasceu em Ílhavo, na Rua de Espinheiro, a 07-10-1895, às sete horas e meia da manhã, sendo baptizada pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filha de Marcos Ferreira Pinto Basto e Regina Tavares Pinto Basto. Neta paterna de Viriato Ferreira Pinto Basto e Rosa de Almeida Ferreira Pinto Basto e materna de Manuel Tavares de Almeida Maia e Joana Victorina Tavares dos Anjos. Foi padrinho o seu avô materno e madrinha, Nossa Senhora do Rosário, cuja imagem se venera na Igreja Matriz de Ílhavo. Casou em 15-09-1920 com Mário Sacramento e Mello (filho do Sr.º Elias Gonçalves de Melo), tendo enviuvado em 06-11-1922, sem geração. Era sobrinha do Dr. Samuel Maia e amiga inseparável da D. Maria de Anunciação Vieira Moura, filha do saudoso Dr.º Eduardo Moura e sobrinha do Dr.º Frederico de Moura. Faleceu em 24-03-1973 com 77 anos, tendo um funeral muito concorrido, dado ser uma pessoa com muita estima dos Ilhavenses. Está sepultada no Cemitério de Ílhavo.

Mário Sacramento e Mello ( 1893 - 1922 )

Nasceu na Rua de Santo António, em 05-09-1893, baptizado em casa, em perigo de vida, pela parteira Rosa Maria do Veu, filho de Elias Gonçalves de Mello e Maria Júlia Rodrigues do Sacramento, neto paterno de Francisco Gonçalves de Mello e Maria Gonçalves Teles e materno de José Rodrigues do Sacramento e Libânia Rodrigues de Azevedo, sendo padrinhos Francisco Gonçalves de Mello e Antónia Rodrigues de Azevedo. Casou com Marília Ferreira Pinto Basto, em 15-09-1920, sem geração. Pessoa muito estimada em Ílhavo, trabalhador incansável e colaborador acérrimo de seu pai, tendo sempre ajudado várias instituições da sua terra. Faleceu num hospital de Coimbra, em 06-11-1922, com 30 anos de idade, depois de ser sujeito a uma operação. O cortejo fúnebre começou no Alto Bandeira, sendo a urna transportada na carreta dos Bombeiros Voluntários, seguida por uma multidão imensa. Está sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de Família.

Elias Gonçalves de Mello ( 1886 - 1943 )

Nasceu em Ílhavo, Alqueidão em 28-07-1886, baptizado pelo ainda Prior José António Pereira Bilhano, filho de Francisco Gonçalves de Mello, marnoto, e Maria Gonçalves, dona de casa, neto paterno de Francisco Gonçalves de Mello e Maria da Silva e materno de António da Rocha Trolaró e Ana Gonçalves, sendo padrinhos João dos Santos Marcellos, carpinteiro, tio paterno e Maria da Silva, viúva e avó paterna. Do casamento na Igreja Matriz de Ílhavo, com Maria Júlia Rodrigues do Sacramento (irmã da avó do Dr.º Mário Emílio de Morais Sacramento), em 18-04-1892, filha de José Rodrigues do Sacramento e Libânia Rosa Pereira de Azevedo, nasceu o único filho, Mário Sacramento e Mello.

Elias Gonçalves de Mello era uma pessoa muito conhecida em Ílhavo! Foi correspondente do Banco de Portugal, tinha uma casa de penhores e chegou a ser tesoureiro da Câmara Municipal. A sua casa e também escritório, era na Rua de Santo António, onde mais tarde surgiu a pastelaria Sopanilde e actualmente o Centro China. As traseiras iam até à antiga casa de ensaios da Filarmónica Ilhavense (Música Velha), antigo Beco da Cadeia. Esta casa também pertencia a Elias de Mello, mais tarde adquirida pelo Dr.º Eduardo Craveiro e hoje já demolida, bem como outras pequenas casas de arrendamento. Era uma pessoa muito discreta, educado, elegante, fazendo uma vida bastante recatada. Amigo dos pobres, todas as 2ªs feiras distribuía, na sua casa, 20 centavos a cada um, que faziam bicha na rua. Geralmente o seu jantar, sempre às 19 H, constava de um ovo cozido e quatro pratinhos de diversos frutos secos. Sendo regrado, era ele que todos os dias, pelas 11 H da manhã, dava o milho às muitas galinhas que possuía! Comprava todos os dias o Jornal O Século, na casa da D. Alzira na Praça da República, tarefa feita pela D. Maria Helena Gateira, que o conheceu muito bem. Por este trabalho, recebia 20 centavos , ou em alternativa, um Paupério! No pátio da sua casa, tinha uma pequena fábrica de tijolos, com um forno comprido, onde trabalhava o Sr.º Paulo Gateira. Também se dedicava ao fabrico de giz, para os tacos de bilhar. Os tijolos, marcados com o seu nome, eram praticamente todos vendidos para Lisboa. No entanto, também se faziam uns tijolos mais pequenos, de côr amarelo forte, na altura utilizados para a lavar a louça. Tendo fama de ser pessoa abastada, pouco tempo antes da morte, optou por chamar os seus credores, verificando, entretanto, que para liquidar os seus débitos, teria que vender todas as suas propriedades, o que veio a acontecer num Domingo às 15 H, através duma hasta pública realizada no pátio da sua casa. Faleceu em 23-11-1943, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, num Jazigo de Família.

(Os meus agradecimentos ao Eng.º Jorge Picado pela ajuda na pesquisa e leitura dos assentos paroquiais e à D. Maria Helena Gateira e D. Olívia Gateira pelos dados fornecidos. Pesquisa efectuada no Jornal O Ilhavense)

Maria José de Senos Fonseca Picado ( 1937 - 2007 )

Nasceu em Ílhavo a 02 de dezembro de 1937, filha de Manuel Nunes da Fonseca e Eduarda do Beu Senos. O seu sonho foi ser professora! Formou-se no dia 29 de Julho de 1958, com distinção em Físico-Química na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Foi sempre uma aluna distinta, que, desde pequenina, deu sempre boa conta dos seus estudos. Menina sem vaidades, mas dotada duma grande vontade de vencer pelos próprios recursos naturais, soube completar o seu difícil curso, sem favores alheios. Os próprios mestres louvaram e admiraram as suas qualidades de trabalho e de inteligência, classificando a sua licenciatura de distinta. Sempre muito exigente nas causas que foi abraçando, a Dr.ª Maria José, carinhosamente tratada por D. Zeca, ficará para sempre ligada às obras sociais que ajudou a fundar no nosso concelho. A Obra da Criança surgiu em 1967 de uma outra que existia na Ermida (Obra do Frei Gil), que se encontrava em más condições, só com 3 crianças. Mais tarde mudaram-se para Cimo de Vila, já com 15 crianças. Inicialmente começaram a dirigir a Obra, Leonilde da Velha, Maria da Conceição Agualuza, Dr.º Amilcar, Dr.ª Maria José, Cap. José Vaz e mais tarde José Celestino, tendo ficado, posteriormente, estes três últimos à frente da Instituição. O CASCI, uma das maiores e mais importantes instituições de solidariedade social de Ílhavo, surge em 1980, foi crescendo e hoje conta com inúmeras respostas sociais, tais como Creche e Pré-escolar, Lar Residencial para pessoas com deficiência, três Centros de Atividades Ocupacionais, duas Estruturas Residenciais para Idosos, um Centro de Dia, um Centro Comunitário e a Quinta da Colónia Agrícola. De seus pais, recebeu uma ideia que sempre a acompanhou na sua vida: “a passagem na faculdade era um acidente e aquilo que iria lá buscar, não devia ser só utilizado ao longo da vida em proveito próprio, mas sim numa afirmação de cidadania, que tinha a ver também com o ajudar a criar espaços para a afirmação da cidadania dos outros, que viviam vidas muito mais difíceis”. Palavras da Dr.ª Maria José, numa entrevista dada à Rádio Terra Nova, programa Recordar É Viver dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, em 16-03-1993. A nossa terra está eternamente grata, por tudo o que fez em prol dos mais desfavorecidos. Faleceu em 25-11-2007 com 69 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.

João Carlos Gomes ( 1836 - 1886 )

Filho de Manuel José Gomes e de Vitória Umbelina de Oliveira Vidal, nasceu em Ílhavo, em 15 de Outubro de 1836. No dizer de Marques Gomes, era um espírito lúcido e inteligência culta. Depois do exame de instrução primária em 6.7.1844, estudou os restantes preparatórios para os cursos superiores, com as melhores classificações. Matriculou-se em Farmácia, na Academia Politécnica (1855), onde fez o acto de Química em 1856; de Botânica, no mesmo ano; e de Agricultura, em 1857. Formou-se em Farmácia em 1859. Pertenceu à família dos Gomes, família, que teve grandes tradições farmacêuticas, em Ílhavo, sendo conhecida pelos Boticos. Chefe do Partido Progressista na vida política, tornou-se um verdadeiro sustentáculo desta força política, no distrito de Aveiro, tendo sido perseguido pelo grupo político da Vista Alegre, quando esta e o poder que representava se pretendiam impor a Ílhavo. Pelo amor que consagrava ao seu torrão natal, estabeleceu-se nesta terra, onde sempre viveu, sendo conhecido como o Pai dos Pobres. Foi eleito vereador em 1863, e, logo em Fevereiro do mesmo ano, Administrador do Concelho, cargo que exerceu até 1865, voltando a ocupar o mesmo posto em 1871 e 1877. Representou o concelho na Junta Geral do Distrito. Homem de uma grandeza cívica impoluta, teve uma vida acidentada na história social e política concelhia. Era um carácter bom, solidário, sempre disponível para ajudar os seus conterrâneos. Homem culto, foi um dos primeiros estudiosos do passado desta terra, dos forais e dos títulos de doações. João Carlos Gomes, em sociedade com António Cândido Gomes, Dionísio Cândido Gomes, Padre Francisco Ernesto da Costa Senos, José de Oliveira Craveiro, José António de Magalhães, Francisco Ernesto da Rocha, Bernardo dos Santos Camarão e Luís Augusto Regala, fundaram um novo teatro no Largo do Oitão (antiga drogaria dos Vizinhos), depois das obras de adaptação desta casa, que era pertença da Baronesa de Alqueidão. A inauguração foi a 6 de Fevereiro de 1876, com as comédias O Camões do Rocio e Um Marido Que É Vítima Das Modas, tendo assistido o poeta Ilhavense, Alexandre da Conceição. Eram ensaiadores, além de João Carlos Gomes, Padre Augusto Cardoso Figueira e Manuel Eduardo Pereira, que também pintou, com Gabriel Pereira da Bela, os cenários e o pano-de-boca (Egas Moniz entregando-se ao Rei de Castela). Pela sua intransigência política, teve de homiziar-se para fugir à perseguição dos seus adversários, vindo a contrair tuberculose, doença de que veio a falecer, em 14 de Novembro de 1886 com 49 anos. O seu funeral foi o mais imponente que até ali se tinha visto. Encontra-se sepultado no Cemitério de Ílhavo.

(Texto adaptado de «Ílhavo – Ensaio Monográfico – Séc. X ao Séc. XX», 2007, de Senos da Fonseca).

José Cândido Celestino Pereira Gomes ( 1874 - 1941 )

Nasceu em 1 de Abril de 1874, baptizado pelo Coadjutor Manuel Fortunato dos Santos Carrancho, sendo seus padrinhos, D. José António Pereira Bilhano, Arcebispo de Évora e Cândida Gomes de Oliveira Vidal. Do casamento com Maria da Apresentação São Pedro Gomes, nasceram os filhos Maria Isabel Celestino Gomes da Rocha, Maria Madalena Gomes São Pedro, Inês Gomes São Pedro, Dr.º João Carlos Celestino Gomes, António Celestino Gomes, José Celestino Gomes e Cândido Celestino Gomes. Homem integro e de bom coração, foi funcionário do Governo Civil de Aveiro e secretário da Câmara Municipal de Ílhavo. No dia 31 de Maio de 1936, foi ele que empunhou o novo estandarte do Município de Ílhavo, que teve honras de um enorme cortejo pelas ruas da Vila. Partiu do Alto Bandeira e dirigiu-se ao Largo do Monumento, em frente do qual se inclinou o estandarte, ao som do Hino Nacional, tocado pela Filarmónica Ilhavense. Foi Presidente da Câmara no início do Séc. XX e Administrador do Concelho em 1916. Faleceu em 01-10-1941 com 67 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Ascenção da Silva Rocha ( 1900 - 1947 )

Filho de David da Silva Bento e Rosa da Conceição Rocha, nasceu na Rua Direita em 08-05-1900, sendo baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, sendo padrinhos Manuel Simões Paião e Conceição de Jesus Rocha. Do casamento, em 02-01-1930, com Maria Isabel São Pedro Celestino Gomes, nasceu o filho Aníbal Celestino Gomes da Rocha. Foi professor oficial e funcionário das Finanças em Moçambique. Pessoa íntegra e competente, de regresso à sua terra natal, foi Vereador durante o mandato do Dr.º Manuel Bernardo Balseiro e Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo durante um período extremamente difícil da Grande Guerra, tendo tomado posse em 17-07-1944 e deixado o cargo em Agosto de 1946. Faleceu em 28-08-1947, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Manuel de Oliveira Razoilo ( 1856 - 1926 )

Filho de Bernardo Francisco Faúlho e Rosa Viterbo de Oliveira Vidal, nasceu na Rua Direita em 13-11-1856. Teve um primeiro casamento com Maria Augusta da Graça de Oliveira Rasoilo, falecida em 19-12-1900 e voltou a casar em 18-04-1901 com Raquel César Ferreira. De trato muito afável, granjeou inúmeras amizades na sua terra natal. Adepto e muito amigo da Filarmónica Ilhavense, esta acompanhou o seu funeral. Dedicava-se à poesia e ao longo da pedra da sua sepultura, inscreveu uns versos à memória da sua primeira esposa, que ainda hoje se podem ler, quase na totalidade. Foi representante em Ílhavo, de quase todos os bancos e da Companhia dos Tabacos. Foi Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo em 1887. Faleceu em 26-07-1926, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Maria Vieira Neto (Farinheira) - ( 1919 - 1978 )

Maria Vieira Neto, mais conhecida por Maria Farinheira, morava na Rua de Espinheiro e era famosa pelas broas que cozia e vendia na sua casa e que ainda hoje deixam saudades, pelo seu sabor inconfundível. Era mãe do conhecido Ilhavense Eurico José. Nasceu nos Moitinhos em 10-10-1919, filha de João da Rocha Neto e Maria Vieira dos Santos, neta paterna de Manuel da Rocha Neto e Joana de Jesus e materna de João António Torrão e Ana Vieira dos Santos. Em 08-03-1939 casou com José Piorro de Oliveira. Faleceu em 28-06-1978 com 58 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.

Vitória Gomes Vidal ( 1880 - 1967 )

Filha de Dionízio Cândido Gomes e Rita Cacilda Anunciação (mais tarde com o nome de Rita de Anunciação Gomes), nasceu na Rua Direita em 26-06-1880, baptizada pelo Coadjutor José António Morgado, neta paterna de Manuel José Gomes e Victória Umbelina d'Oliveira Vidal e materna de Manuel Francisco Corujo e Antónia Maria de Jesus, sendo padrinhos o Cónego José Cândido d'Oliveira Vidal e Cândida Gomes d'Oliveira Vidal, tios da baptizada. Irmã de Diniz Gomes, era uma pessoa muito culta e apreciada na sua terra. Ensinava Francês na sua casa da Rua Direita, mesmo ao lado da farmácia do seu irmão e também bordados, às ilhavenses que lhe solicitavam, destacando-se a conhecida Leonilde da Velha, que veio a tornar-se uma artista muito conceituada na época. Era tia da D. Edmeia Gomes Vaz Craveiro e do Dr.º Victor Manuel Machado Gomes. Faleceu solteira em 30-07-1967 com 87 anos, encontrando-se sepultada junto com seus pais, no Cemitério de Ílhavo.

(Vitória Gomes Vidal, ainda jovem)

Arquitecto Samuel Tavares Maia de Quininha ( 1915 - 1996 )

Samuel Tavares Maia de Quininha, nasceu em Ílhavo, Rua de Camões, em 16-11-1915, filho de João de Oliveira Quininha Junior e de Sílvia Tavares Maia de Quininha, neto paterno de João de Oliveira Quininha e Felicidade Batista de Oliveira e materno de Samuel Tavares Maia e Rosa Tavares de Almeida Lebre, sendo padrinhos Samuel Tavares Maia e Marília Tavares Ferreira Pinto Basto. Solteiro, era irmão de Sílvia Quininha Pena, de Cândido e de João Tavares Maia de Quininha. Atencioso, culto e bom conversador, amante de antiguidades, morava em Lisboa, embora passasse umas temporadas em Ílhavo e, sobretudo, no Verão, na Costa Nova, onde chegou a possuir várias casas. Licenciou-se em Arquitectura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Estagiou no atelier do célebre Raul Lino. Tal como este, especializou-se em museografia, tendo orientado a remodelação de inúmeros museus portugueses, como o Museu dos Patudos, em Alpiarça, o Museu de Abade Braçal, em Bragança e os Museus de Marinha e de Arte Contemporânea, em Lisboa. Em Ílhavo, destacam-se os seus trabalhos de remodelação do Paço da Ermida, a Garagem Cruz, a casa de Maria José Fonseca e o Cinema da Costa Nova (demolido), bem como os planos de urbanização das praias da Barra e da Costa Nova. Foi igualmente responsável por diversos projectos para o Ministério da Marinha, nomeadamente, nas bases do Alfeite e de Beja. Foi um dos primeiros arquitectos a «defender» a preservação dos palheiros da Costa Nova. O seu nome está indelevelmente ligado a Ílhavo, devido à elaboração do anteprojecto do Museu Municipal de Ílhavo, durante o mandato autárquico de José Cândido Vaz, mais tarde revisto, como projecto definitivo, na câmara de Amadeu Eurípedes Cachim. Teve também uma notável participação, juntos do Grupo do Amigos do Museu, na campanha de angariação de fundos para o mobiliário do Museu, que, quase na totalidade, desenhou. O Museu abriu as portas a 20 de Setembro de 1980, sem inauguração oficial. O arquitecto Samuel Quininha faleceu em Lisboa em 12 de Junho de 1996 com 80 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)

Eduardo Ferreira Ançã ( 1887 - 1969 )

Este ilhavense nasceu no Rio da Vila em 09-01-1887, filho de José Maria Ançã e Virginia Inocência Ferreira. Começou por trabalhar nos escritórios da Fábrica da Vista Alegre, frequentando, ao mesmo tempo, as aulas nocturnas da Escola Técnica de Aveiro. Por concurso a aspirante de finanças, exerceu a sua nova actividade em Vagos, Ílhavo e na direcção de finanças de Aveiro. Já como secretário de finanças, passou por várias localidades, entre as quais Reguengo de Monsaráz, onde veio a contrair matrimónio com Gracinda Correia Prego, tendo como filhos Maria Virginia Prego Ançã, Maria Odete Prego Ferreira Ançã Belo e Fernando Miguel Prego Ferreira Ançã.. Passou de seguida para Évora, sendo promovido, por concurso, a Director de Finanças e colocado em Portalegre. Pelo seu saber e competência, foi muitas vezes nomeado como vogal e presidente de júris de exames para as secções de finanças. Acabou por ser nomeado chefe da Repartição do Tesouro, do Ministério das Finanças, que exerceu por alguns anos. Chegou a trabalhar na companhia de seguros A Mundial. Em Ílhavo e na sua mocidade, fez parte do Clube dos Novos. Homem impoluto, adorava a sua terra natal. Ajudou muitos jovens ilhavenses, que não tinham recursos financeiros para terminarem os seus cursos. Faleceu em 06-09-1969, com 82 anos, encontrando-se sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de família.

Manuel Ferreira da Cunha ( 1863 - 1946 )

Descendente de distintas famílias Ilhavenses, nasceu em Ílhavo a 30 de abril de 1863, baptizado pelo Presbítero Coadjutor José Rezende, neto paterno de José Ferreira Vieira e Rosa Angélica de Jesus, materno de Alexandre Cesário Ferreira da Cunha e Maria Victória Ferreira, sendo padrinhos, Sua Eminência Manuel, Cardeal Patriarca de Lisboa, por quem ficou com procuração, o Dr.º Henrique Pinto, do Porto e Delegado do Procurador Régio em Aveiro e Helena Antónia Ferreira. Foi proprietário da então Farmácia Cunha, na Rua Direita, hoje Farmácia Senos e onde viveu. Depois dos estudos no Liceu de Aveiro, seguiu as pisadas de seu pai (Boticário, como se designava na época) e formou-se em Farmácia em Coimbra. Em 1884, foi nomeado representante do Inspector Primário, para os exames em Ílhavo e em 1886, fez parte da Junta Escolar. Em 1888, foi eleito sócio correspondente da Sociedade Farmacêutica, por proposta de Alfredo da Silva Machado, director dos serviços farmacêuticos do Hospital de S. José. Em 1891 escreve o seu primeiro artigo no Diário de Notícias, por convite do seu Director, Brito Aranha. Pelo Reitor do Liceu de Aveiro, é nomeado vogal nos exames, em 1893 e em 1895, toma parte na Comissão de Resistência, para a restauração do Concelho. Em 1898 envia uma representação ao Bispo de Coimbra, que determinou que o Ilhavense Cónego José Cândido Gomes de Oliveira Vidal, disponibilizasse a quantia de 60$00, para aquisição dum Pálio roxo. Em 1889, foi agraciado na Sociedade Farmacêutica Lusitana e em 1900, foi nomeado Administrador do Concelho e Presidente dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo. Em 1905 volta a Administrador do Concelho e solicita ao Parlamento que seja concedida uma pensão ao Arrais Gabriel Ançã. Como Presidente da Contribuição Industrial, em 1904, propõe a mudança de classe do concelho, já que, o que se estava a pagar, era o mesmo como sendo capital de distrito. Em 1905 é nomeado vogal da Comissão de Beneficência Escolar e em 1908, passa a ser membro da Academie Physique Chimique Italiene. Em 1909 fez parte duma comissão de auxílio às vítimas do terramoto de Salvaterra de Magos e Benavente e em 1924, foi proposto membro da Société Academique d’Histoire Internationale - oficial de instrução pública. Tinha uma escrita fluente, publicando vários artigos dispersos por muitos Jornais e Revistas, como O Século, Primeiro de Janeiro, Diário de Notícias, Branco e Negro, Ilustração Portuguesa, Distrito de Aveiro, Os Sucessos, Jornal de Ílhavo, Jornal de Vagos, O Brado, Revista Terra dos Ílhavos, Beira-Mar, Ilhavense, etc. O seu primeiro artigo foi escrito em 1881, no Jornal da Manhã. Fez biografias do Arcebispo de Évora D. José António Pereira de Bilhano, Alexandre da Conceição, Cónego José Maria Ançã, Arrais Gabriel Ançã, Samuel Maia, Filipe de Oliveira, Sousa Martins e Sousa Teles. Foi correspondente em Ílhavo dos jornais O Século, Jornal de Notícias e durante 40 anos do Diário de Notícias. De feitio reservado, Manuel Ferreira da Cunha foi uma personalidade que se destacou pela sua bonomia, educação, imparcialidade, filantropia e sobretudo pelo gosto da escrita, sendo muito respeitado pelos Ilhavenses que o conheceram e conviveram com ele. Filho de Agostinho Ferreira Vieira (Farmacêutico) e Fortunata Inocência Ferreira, faleceu em 18-08-1946, com 83 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Manuel Francisco Grilo ( 1910 - 1974 )

Nasceu em 24-11-1910 na Rua de Camões, sendo baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos e tendo como padrinhos, Manuel Simões da Barbeira e Rosa Nunes Correia. Primo do Padre Grilo, faleceu no Porto, sendo licenciado em Ciências Económicas e Financeiras. Casou em 22-04-1939 com D. Maria da Conceição Guerra Simões. Com Manuel Machado da Graça, foi autor da revista Ilhavense “P’ra Inglês Ver”, estreada em 29 de Julho de 1933, no Teatro Municipal de Cimo de Vila. Foi nesta revista que surgiu a canção "Coro dos Marinheiros" com poema do Dr. Manuel Francisco Grilo e música do Prof. João Marques Ramalheira, que mais tarde foi inserida no Disco de Ílhavo com o nome de "Canção do Marinheiro" e cantada por Leonel Garrido. Para esta Revista escreveu a letra da "Viuvinha", com música de João Marques Ramalheira e cantada pela Sarinha Figueredo, obtendo um enorme êxito na altura. Também foi o autor do prólogo da Revista "Com Papas e Bolos" Faleceu em 17-10-1974 com 64 anos. Está sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Tenente Alberto da Maia Mendonça ( 1891 - 1967 )

Nasceu em Ílhavo, no dia 10 de Maio de 1891. Criado na rua Dr. Samuel Maia (Espinheiro), nº15, era filho de António Tomás da Maia Mendonça, «médico de Partido» e de Maria Rosa Marcella. Do casamento, em 14 de Novembro de 1920, com Maria Casimira Gomes da Cunha, nasceu uma vasta prole – sete filhos – Zídia, Maria Gabriela, casada como o professor João Pires da Rosa, Yolanda, Maria Henriqueta, António, Alberto e Frederico. Tenente de Infantaria na Reserva, durante a sua actividade, foi muito considerado pelas suas qualidades oratórias. Aquando da revolução no Porto, para destronar a situação, à época, Alberto Mendonça foi um dos comandantes que atravessou o plano superior da ponte D. Luís, tendo as tropas governamentais desferido, assim, um golpe de misericórdia, nos revolucionários que haviam tomado o Porto. Exerceu o cargo de Administrador do concelho de Ílhavo, após o 28 de Maio de 1926 e, mais tarde, desempenhou idênticas funções, no concelho de Estarreja. Foi também delegado da Comissão de Censura, durante muitos anos, já que era bem conhecido pelos seus ideais nacionalistas. Faleceu no primeiro de Fevereiro de 1967 com 75 anos. No funeral, além de muito concorrido, incorporaram-se oficiais do Regimento de Infantaria nº 10 e fez guarda de honra ao corpo, um piquete de soldados do mesmo regimento. Foi o neto, João Mendonça Pires da Rosa, terceiranista de Direito, quem conduziu a chave da urna. Faleceu em 01-02-1967 com 75 anos, encontra-se sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de família.
(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)

José Eugénio Gomes Ançã

Filho de José Ançã e Maria Celestina Gomes, era conhecido por Zé Ançã. Notabilizou-se como treinador de Basquetebol do Illiabum Clube. Humilde e simples, tinha para com os jogadores uma forte relação, sendo muito exigente e sobretudo um excelente disciplinador. Começou como atleta do Clube e mais tarde como treinador, tendo conquistado os seguintes Títulos: Campeão Nacional de Infantis (1962/63), Campeão Nacional da 2ª Divisão (1963/64) e Campeão Metropolitano de Juniores (1964/65). Pelos 50 anos de associado do Clube, recebeu o Emblema de Ouro. Faleceu em 30-03-2002 com 65 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Coronel José Celestino Regala ( 1879 - 1963 )

Coronel de Engenharia militar de minas, nasceu em 10-01-1879, na Rua Arcebispo Pereira Bilhano. Como Engenheiro militar, prestou serviço em S. Tomé e Príncipe e Angola. Tendo sido aluno muito distinto no Colégio Militar, desempenhou altos cargos, sempre com muita austeridade. Foi presidente do Tribunal Militar de Viseu, Director dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste e Inspector das Obras Militares. Fez parte do Corpo Expedicionário Português em França, na Guerra de 1914-1918, sendo então promovido de capitão a major. Em 1926 tomou parte na arrancada de Gomes da Costa, que implantou o Estado Novo, entrando em Lisboa a comandar ao lado do grande Marechal. Na reserva, foi Eng.º Chefe da Câmara Municipal de Coimbra e Comandante dos Bombeiros Municipais desta cidade. Em Ílhavo, fez gratuitamente o projecto do Hospital da Misericórdia, dirigiu os trabalhos da implantação do Monumento aos Mortos da Grande Guerra e fez parte da comissão que restaurou a nossa Igreja Matriz. Em Ílhavo, desempenhou as funções de Engenheiro Municipal, durante o mandato de Francisco António de Abreu. Faleceu em 01-06-1963 com 84 anos e está sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de família.

José Quinteles Pereira

O exemplo verdadeiro dum homem empreendedor...José Quinteles ficou ligado a inúmeras realizações artísticas, desportivas e culturais do nosso concelho: marchas sanjoaninas, espectáculos, revistas, enfim, tudo o que fazia mexer com a nossa terra. Foi também um dos grandes responsáveis pela gravação do disco de Ílhavo em 1959. Em 1951/52 animou com Manuel Alegrete e Manuel Teles a Agência Técnica, também conhecida por Rádio Faneca, no Jardim Henriqueta Maia e praia da Costa Nova. José Quinteles, um empreendedor nato! Filho de Viriato Pereira Salgado e Joana dos Santos Quinteles, faleceu em 18-11-1982, com 60 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

João da Conceição Barreto ( 1854 - 1914 )

Nasceu na Rua Direita em 29-08-1854, filho de João dos Santos Barreto e Maria de Jesus, neto paterno de Luís dos Santos Barreto e Joana Maria da Conceição e materno de Francisco Tavares Camello e Maria de Castro, naturais de Travassô. Adorava o teatro, tendo feito parte dos Ilhavenses que inauguraram o Teatro do Largo do Oitão, nas peças O Camões do Rocio, Coroa de Loiro, Opressão e Liberdade e muitas outras. Poeta satírico, chegou a escrever um soneto, À Vila de Ílhavo, na Revista Terra dos Ílhavos (1920), no dia em que foi publicado o decreto reintegrando a Ílhavo, a sua antiga autonomia concelhia. Funcionário do Ministério da Instrução, supervisionou em 1885, um grupo de amigos da terra, reorganizando a Música Velha, baptizando-a de Sociedade Filarmónica Ilhavense. No seu testamento destinou uma determinada quantia em dinheiro para ajuda da fundação dum hospital em Ílhavo e outra para subsidiar um monumento ao Arcebispo Pereira Bilhano no cemitério ou a colocação duma lápide comemorativa na casa onde este tinha nascido, o que veio acontecer mais tarde. O Arcebispo tinha sido seu professor em Évora. Faleceu no Alto Bandeira em 16-12-1914, com 60 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, no Talhão mais antigo ( Talhão 8 ).

Jaime de Oliveira ( 1898 - 1953 )

Nasceu na Rua do Casal em 23-01-1898, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, sendo padrinhos Jaime Augusto Catarino e Rita da Rocha Deus, filho de José de Oliveira e Maria Emília da Silva. Neto paterno de Joaquim de Oliveira e Maria Vicência de Jesus e materno de António Nunes Ramisote e Rosa de Jesus Manuela. Foi fundador, com João Carlos Celestino Gomes e Carlos Solha, do jornal Beira-Mar, cujo 1º número foi publicado na 2ª quinzena de Junho de 1920 e se prolongou até 1934. Era também proprietário da tipografia Beira-Mar, na Rua de Espinheiro, onde era composto o jornal. Tendo em conta a sua opção política, teve vários dissabores com a polícia política de então, obrigando ao fecho do seu Jornal Beira Mar, por algum tempo.Tocava saxofone e chegou a fazer parte do Ilhavense Jazz e Liberdade Jazz dos anos 20. Do casamento com Rosa de Jesus Ré, em 24-09-1931, tiveram os seguintes filhos: Jaime João, Artur Ré de Oliveira, Júlio Ré de Oliveira, António José Ré e Maria Emília Ré de Oliveira Madail. Faleceu em 28-02-1953 com 55 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Remígio Sacramento Júnior ( 1892 - 1973 )

Baptizado em Ílhavo pelo Coadjutor Domingos Ferreira Jorge em 18-05-1892, filho de Remígio do Sacramento e Maria Nunes de Barros, neto paterno de José do Sacramento e Maria Rosa da Graça e materno de João do Sacramento e Maria Nunes de Barros, sendo padrinhos João do Sacramento e Maria Rosa da Graça. Foi professor do Magistério Primário em Ílhavo e Aveiro. Exerceu, temporariamente, as funções de Director do Jornal Beira Mar, com José Simões Bixirão, no final de 1926, altura muito difícil do jornal e fez parte da direcção do nosso Hospital. Casou em 14-09-1916 com Georgina Ramalheira Marques, também professora oficial, irmã do Prof. João Marques Ramalheira, de quem tiveram os seguintes filhos: Maria Georgina, Judite Sacramento, Sílvia Maria, Fausto Sacramento, Alcides José e Manuel Sacramento. Faleceu em Aveiro, na Freguesia da Glória em 23-10-1973 com 81 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

(Georgina Ramalheira, esposa de Remígio Sacramento)

José dos Santos Malaquias ( 1901 - 1940 )

Nasceu nas Cancelas em 03-01-1901, baptizado pelo Coadjutor Domingos Ferreira Jorge, neto paterno de Manuel dos Santos Malaquias e Josefa Maria de Jesus e materno de Joaquim dos Santos Bôdas e Maria Nunes do Couto. Foram padrinhos, José dos Santos Malaquias e Joana Rosa de Jesus. Formado em Medicina, exerceu as funções de Médico Municipal em Ouca e Sub-delegado de Saúde em Vagos, numa altura em que esta região foi assolada pelo tifo exantemático, provocando inúmeras mortes. Durante esta fase, o Dr,º Malaquias exerceu a sua função duma forma abnegada e corajosa, que calou fundo nos corações dos vaguenses. Assim, passado um ano da sua morte, o povo de Vagos prestou-lhe uma homenagem no seu jazigo, no cemitério de Ílhavo, inaugurando uma singela coluna, trabalhada em pedra de Ançã, de autoria de Carlos Mota, que ainda hoje se pode admirar. Mais tarde, a Câmara de Vagos atribuiu o seu nome a uma rua do concelho. Pessoa muito inteligente, tinha uma grande paixão pelo canto e arte. Foi presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, em 1928. Nos anos 20, fez parte da chamada Ala dos Novos, agremiação Ilhavense com fins culturais e fez parte da revista O Francês das Notas, estreada em 4 de Setembro de 1924, no Teatro Municipal de Ílhavo, em Cimo de Vila. Foi detido várias vezes pela polícia política da época, causando-lhe problemas graves de saúde. Do casamento em 25-03-1929 com Maria Dolores Machado da Graça, nasceram os seguintes filhos: António, Teresa, Luísa, Eunice, Mário Júlio e José. Veio a falecer muito novo em 28-12-1940, com 39 anos. Está sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Manuel da Silva Peixe ( 1902 - 1990 )

Manuel da Silva Peixe nasceu em Cimo de Vila no dia 12 de Abril de 1902, filho de João da Silva Peixe e Joana da Conceição da Rocha, neto paterno de João da Silva Peixe e Joana Maria de Jesus e materno de José da Rocha e Joana de Jesus. Em 06-08-1927 casou com Maria Rocha Galante. Com apenas cinco anos de idade ficou órfão de pai e foi viver com os seus padrinhos que eram agricultores. Com seis anos já ajudava nos trabalhos da casa dando comer às galinhas e levando os bois para o pasto. No campo os bois puxavam a charrua e era o pequeno Manuel que os guiava. Com sete anos entrou para a escola e dividia o tempo, agora mais ocupado, entre os estudos e a lavoura. Sobrava pouco para as brincadeiras de menino que ele era. Feito o exame da Instrução Primária não continuou os estudos devido aos parcos recursos financeiros, mas a sua sede de aprender era muita e continuou a ler sempre que podia. Foi um autodidata com uma cultura acima da média para a época. Andou em navios da Marinha Mercante e alguns anos depois passou para navios de pesca. Aos doze anos embarcou pela primeira vez como moço quando a sua idade era mais para estudar e brincar do que trabalhar. Casou e este acto fez com que ele mais trabalhasse, porque a partir de agora era o responsável pela sua família. Era um observador curioso e interessado. O mar, o céu, as tempestades, as trovoadas no mar, as terras onde aportava e principalmente as pessoas. Tentava compreendê-las, saber o que faziam e principalmente assimilar a sua cultura. Os seus escritos reflectem toda esta observação e vivências. Um dia resolveu enviar alguns dos seus versos para os jornais “A Cancão do Sul” e “Ecos de Portugal” foram tão bem aceites que lhe pediram mais e assim passou a colaborar nesses jornais. Não se ficou por aqui, dos Estados Unidos da América vieram pedidos para colaborar nos jornais Portugueses: “A Voz de Portugal” e Jornal Português”. Obviamente o jornal da sua terra não ficou esquecido e “O Ilhavense” publicou regularmente os seus versos. Silva Peixe escreveu muito e foi dos Ilhavenses, da sua época, que mais cartas escreveu. Trocou correspondência com figuras da nossa Terra como: Guilhermino Ramalheira, Fernando Magano, Senos da Fonseca, António Maria Lopes, Quintino Teles, Manuel Trindade Salgueiro, Palmiro Peixe entre muitos outros. Registou correspondência com Altas figuras da Nação: Henrique Tenreiro, Frederico de Brito, Ramiro Valadão, Américo Tomaz que era Presidente da República, Oliveira Salazar que era Presidente do Conselho de Ministros entre muitos outros. Silva Peixe publicou 20 livros, todos em edição de autor: em 1950 dá à estampa o seu primeiro livro “Musa ao leme” seguindo-se “Folhas Velhas” 1962, “Acordes da Lira” 1964, “Jardim do Parnaso” 1965 com capa de Palmiro Peixe, “Terra Minha” 1966, “O Lírio do Gólgota” e “Águias no Campo” 1967, “Coisas da Vida” 1968 que é o único livro de prosa, são contos que pouca gente conhece, “Gorjeios” 1969, “Veneza Lusitana” 1971, “Aveiro Princesa do Vouga” 1974, “O meu Ílhavo” 1975, “Recordações da Nossa Terra” 1978, “Flores do meu jardim” 1980, “Velhice – Sol-Posto da Vida” 1981 na nota de abertura deste livro Silva Peixe oferece-o à A.C.D. “Os Ílhavos”, “Recordações d’um Velhinho” 1983, este livro também tem capa de Palmiro Peixe, Roseiral em flor” 1984 capa de J. Teles, “A voa da poesia” 1985, “Recordações da nossa Lisboa” 1986 este livro é dedicado ao então Presidente da Câmara de Lisboa, “Os dois Municípios (concelhos amigos) 1987 sendo este o seu último livro publicado. Em 1965 António Pereira Gomes escreveu uma pequena biografia romanceada e um conto “A Galera Feiticeira” dedicado a Silva Peixe. Estes dois textos foram publicados no livro “A Vida de um Poeta”. Silva Peixe é um dos autores representado na “Antologia de Poetas Populares” Vol.1 de Fernando Cardoso referência como Silva Peixe Poeta Marinheiro. Está também representado na “Antologia de Poetas Ilhavenses” de Jorge Neves. No seu livro “Figuras Ilhavenses – Poetas e Casos da Terra dos Ílhavos” de 1998 Fernando Parracho publica uma fotografia de Silva Peixe juntamente com alguns dados biográficos. O mesmo Fernando Parracho publica “Ílhavo” versos de Silva Peixe no livro “Esta a Nossa Terra Esta a Nossa Gente” de 1992. Manuel da Silva Peixe foi convidado e participou em alguns programas da RTP e em sessões na Universidade de Aveiro. Passava longas temporadas na Costa-Nova, tinha uma pequena mercearia. Exposta nesta sua loja existia uma maquete, feita por ele, toda de madeira que representava uma romaria. Tinha uma igreja num dos topos mais elevado e depois caminhos e figuras. A frontaria da Capela do nosso Cemitério tem um soneto “A Voz do Silêncio” gravado em mármore da autoria de Silva Peixe. Na sede da A. C. D. “Os Ílhavos” existe igualmente gravado em mármore um soneto “Os Ílhavos” da sua autoria. Esta Associação Ilhavense atribuiu o nome de Silva Peixe à sua sala da sua biblioteca. Muito perto do fim da sua vida, Silva Peixe, doou ao nosso Museu, todas as medalhas e condecorações que lhe foram atribuídas. À A.C.D “Os Ílhavos”, ofereceu todos os seus livros. Faleceu em 03-05-1990 com 88 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.
(Texto de João Balseiro)

Duarte Pinho ( 1891 - 1965 )

Nasceu na Rua de Camões em 18-08-1891, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, sendo padrinhos Joaquim de Pinho e Clara de Jesus. Professor do Magistério Primário, foi co-autor da revista infantil “A Galeota”, da Escola de Cimo de Vila, levada à cena em 01-12-1934 no Teatro Municipal em Cimo de Vila. Também costumava cantar nas cerimónias da celebração da Semana Santa. Por volta dos anos 50, ficou com a Cabine de Publicidade Ilhavense (CPI), que transmitia música no Jardim Henriqueta Maia, por vezes, alternadamente, com a Agência Técnica, em que pontuavam José Quinteles Pereira, Manuel Alegrete e Manuel Teles. Do casamento com Maria da Cruz, nasceram as filhas Natércia, Lígia, Eneida e Paula. Frequentou a Escola do Magistério Primário de Aveiro, diplomando-se em 1913 e passou pelas escolas de Soza, Gafanha da Nazaré, Chousa Velha e Cimo de Vila, onde se aposentou em 1954. Vivia na Viela da Manga. Filho de João Maria Bilelo e Maria da Encarnação de Pinho, faleceu em 10-05-1965 com 73 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de família.

Manuel dos Santos Bela ( 1917 - 2009 )

Nasceu na Rua de Camões em 22-02-1917, filho de Manuel Russo António do Padre e Rosa dos Santos Vidal, neto paterno de Manuel Russo António do Padre e Joana de Jesus da Bela e materno de Francisco Fernandes Maurício e Jacinta dos Santos Vidal. Casou com Dolores Cristiano Pereira em 01-04-1939. Foi sapateiro de profissão desde os nove anos de idade. Apesar de querer ir trabalhar para o mar, seguindo as pisadas de seu pai, marítimo, este conseguiu demovê-lo desta intenção, tendo em conta as dificuldades por que passou. Foi um elemento indefectível da Música Nova, onde tocou cornetim e mais tarde contrabaixo, aprendendo solfejo com José Carola.  Homem impoluto, era um grande conversador, conhecendo, em pormenor, toda a história do nascimento da Música Nova, que felizmente temos registado em áudio. Era sobrinho de José Cândido Lopes, um dos principais fundadores da Música Nova e do Professor António Maria Lopes. Faleceu em 07-01-2009 com 91 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Horácio Santos Rato ( 1914 - 1986 )

Nasceu na Rua Nova em 18-06-1914, filho de Joaquim Santos Rato e Celeste Anadia, neto paterno de José dos Santos Rato Novo e Maria de Jesus Bixirôa e materno de Manuel Augusto Ribeiro e Rosa Esmalia. Casou com Deolinda de Jesus. Marítimo de profissão, simpático e com bom sentido de humor. Foi um grande animador dos Carnavais antigos. Participando espontaneamente e sem ninguém contar, trazia num carrinho de mão, uns canudinhos feitos de cana, tapados com uma rolha, cheios duma pomada feita à base de sebo de boi, que, dizia, curava todas as doenças! Quem se dispusesse, ele esfregava com a pomada, mas logo ressaltava um odor insuportável do sebo! Faleceu em 06-08-1986 com 72 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Paulo de Brito Namorado ( 1874 - 1945 )

Nasceu na Rua Direita em 18-11-1874, baptizado pelo Prior João André Dias, filho de João de Brito Namorado e Maria Rosa de Jesus, neto paterno de Joaquim Manuel Namorado e Maria do Carmo de Brito e materno de Dionísio Simões Chuva e Maria Rosa, sendo padrinhos Paulo Simões Chuva e Maria Rosa. Fotógrafo muito conhecido, cujas fotografias antigas de Ílhavo (anos 20 e 30), ainda hoje se podem admirar nas redes sociais. Trabalhou no Brasil como fotógrafo e, quando regressou, abriu o seu atellier na Praça da República, sendo Presidente da Junta em 1941. Casou em 16-02-1895 com Matilde da Graça Guerra. Faleceu em 20-12-1945 com 71 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

João Adamastor da Silva ( 1918 - 1992 )

Trabalhou na Fábrica da Vista Alegre, mas foi na cultura onde mais se destacou. Com grande sentido de humor e de escrita apurada, esteve directamente ligado a vários eventos culturais. Em 1946, com Manuel Baptista Gomes, fundou a primeira cabine sonora em Ílhavo. Chamava-se Cabine de Publicidade Ilhavense - CPI e situava-se entre o Atlântico Cine Teatro e a Garagem dos Vizinhos. Em 1954 fez parte da revista Desfolhar do Malmequer, com vários espectáculos em Ílhavo e também no Hotel Palace na Curia. Em 1943 escreveu a revista Sonho Ou Pesadelo, onde fez de compére com Joaquim Quintino Teles e com estreia a 31 de Março, no Salão Cinema, cuja receita reverteu para o então Asilo. Em 5 de Janeiro de 1951, escreveu a farsa carnavalesca A Sentença do Bacalhau, levada à cena no Atlântico Cine Teatro em 4 e 6 de Fevereiro e que obteve um grande êxito. Participou também, como actor, nalgumas peças de teatro realizadas no Teatro da Vista Alegre. No Carnaval de 1948 organizou o afamado Grupo dos Califas, que desfilou pelas ruas de Ílhavo, para gáudio dos inúmeros assistentes. João Adamastor da Silva, ficará sempre na memória daqueles que tiveram a felicidade de poder assistir aos carnavais de então. Nasceu na Rua Direita em 02-02-1918, filho de João Maria da Silva e Maria Emília Caracola. Do casamento em 15-09-1945 com Maria Adelaide da Rocha Vieira, nasceram os filhos António Manuel Vieira da Silva e José Paulo Vieira da Silva. Faleceu em 28-04-1992, com 74 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Hernâni Pais da Silva

Aprendeu a tocar viola à sua custa, aos 17 anos de idade, que lhe custou, na altura, cem escudos, sendo o António Bio e Cândido Correia os que mais o influenciaram na música. Tocava tangos e balsas, tendo o fado surgido mais tarde. A Carmencita e Piconeros, foram as primeiras músicas que aprendeu e cantou. Chegou a formar um conjunto com o seu nome, pela altura das Marchas de S.João, mas que durou pouco tempo, formado pelo próprio, Joaquim Carlos e João José. Tocou também no Vista Alegre Jazz durante algum tempo e, por fim, dedica-se ao fado, acompanhando vários artistas da nossa terra. Na grande maioria dos espectáculos em que participou, nunca levou dinheiro e mesmo doente, nunca faltou a nenhum. Estava sempre pronto para ajudar as colectividades da sua terra. O grupo de Teatro Ribalta e outras associações, prestaram-lhe uma merecida homenagem, pelos seus cinquenta anos de fado, em 1992. Filho de José da Silva e Gracinda Pais, faleceu em 19-09-2016, com 93 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

João Celestino Chuva Bingre

Nasceu no chamado Beco da Cadeia, no Largo do Oitão (hoje Travessa da Filarmónica Ilhavense), ficou órfão do pai aos 4 anos de idade e pouco tempo depois foi para um colégio em Coimbra, cujo Reitor era o Padre Ângelo Ramalheira. Mais tarde foi interno na Escola Apostólica da Santíssima Trindade em Guimarães, mas como não tinha vocação, acaba por embarcar aos 14 anos de idade no Santa Quitéria e à terceira viagem o navio afundou devido a um ciclone. Passa para o navio Delães e enfrenta novo ciclone, logo seguido dum ataque de submarino, que obrigou a tripulação a sair para os dóris. Passaram dois dias e duas noites até serem recolhidos. Era uma pessoa muito culta e um excelente conversador. Filho de Amâncio Carlos Bingre e Maria dos Santos Chuva, faleceu em 29-04-1993, com 69 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Joaquim Américo Quintino Cardoso Teles

Nasceu no conhecido Palacete Cartaxo à Rua Arcebispo Pereira Bilhano. Com 10 anos de idade, vai viver para a Costa Nova onde permaneceu durante 6 anos aproximadamente e passa a apelidá-la de “sua amante”, nos seus poemas. A sua primeira profissão, foi ajudar seu pai na Pensão que este tinha na Costa Nova e no regresso a Ílhavo, passa para a pintura, colaborando novamente com o pai. Mais tarde vai viver para Leça da Palmeira, regressando depois à sua terra Natal. Colaborou na Cruz Vermelha, no núcleo de Ílhavo. Foi a poesia que mais o entusiasmou, faceta que surgiu logo na sua primeira viagem como marítimo, escrevendo em verso esta sua inicial odisseia. Com facilidade, escrevia versos que algum amigo lhe pedisse, para marcar determinado acontecimento, nem que fosse um simples almoço de companheiros. Publicou vários livros, alguns dos quais oferecidos a instituições do concelho com fins beneficentes, como era apanágio do poeta e colaborou para o Jornal O Ilhavense. O seu primeiro livro foi publicado em 1968 com o nome “Entre o Céu e o Mar”. Sempre pronto para colaborar com as nossas colectividades, até números de ilusionismo apresentou, para gáudio dos presentes. Filho do pintor Américo Quintino Simões Teles e Maria Embergue Cardoso Teles, faleceu em 13-07-2003, com 83 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de Família.

Leonilde de Oliveira da Velha ( 1903 - 1989 )

Nasceu na Rua Direita em 23-05-1903, baptizada pelo Coadjutor Manuel de Campos. Cresceu entregue aos cuidados de duas tias, já que sua mãe se fixou no Rio de Janeiro, onde contraiu segundo matrimónio. Depois do ensino primário, matriculou-se na Escola Normal de Aveiro, tendo contudo abandonado o curso do Magistério Primário. Dedicou-se então a aprender a arte de bordar, recorrendo aos ensinamentos de D. Vitória Gomes Vidal (irmã de Diniz Gomes), pessoa muito competente nesta arte. Casou com António Cardoso Pereira, em 01-12-1926, tendo enviuvado muito cedo, apenas com 28 anos de idade e com dois filhos pequenos, Augusto e Henrique. Moradora na Rua Direita, foi com a arte de bordar que conseguiu a sua subsistência. Eram inconfundíveis os seus trabalhos: jogos de cama, toalhas de mesa, vestidos de noiva, bandeiras, estandartes e galhardetes de entidades oficiais e religiosas e de agremiações recreativas. Já na parte final da sua vida, dedicou-se a quadros com motivos florais. São exemplos do seu profícuo trabalho, as bandeiras da Câmara Municipal de Ílhavo, dos Oficiais da Marinha Mercante de Ílhavo, dos Bombeiros Voluntários, do Illiabum Clube, do Recreio Artístico de Aveiro, Bombeiros Velhos de Aveiro e do Recreio de Águeda. Ficaram também célebres, os cravos vermelhos bordados por Leonilde da Velha, por altura do 25 de Abril de 1974. Faleceu em 18-05-1989 com 86 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de Família.

(Casal António e Leonilde)

(Texto de José Sacramento)

Procópio de Oliveira ( 1882 - 1956 )

Procópio de Oliveira nasceu na rua de Espinheiro em Ílhavo no dia 9 de Maio do ano de 1882. Foi batizado na Igreja Matriz pelo Coadjutor José António Morgado. Era filho de Alexandre de Oliveira e de Maria da Conceição. Neto por via paterna de Jacob D’Oliveira e de Maria do Carmo. Os seus avós maternos eram: Tomé Fragoso da Rocha e Inês da Conceição. Seu pai foi músico na Banda da Música Nova e Juiz da Paz em Ílhavo. Integrou o elenco artístico da inauguração do primeiro Teatro da Freguesia (conhecido como Teatro dos Vizinhos). Contraiu matrimónio com Alexandrina Monteiro Feio de Oliveira no dia 2 de Junho de 1906. Do casamento nasceram quatro filhos: Procópio igualmente jornalista, Salete, Artur e Eurico. Foi Jornalista e publicista de grande mérito. Colaborou em diversos jornais da época: Os Sucessos, Campeão das Províncias, Povo Figueirense, Vitalidade, O Democrata e Jornal de Vagos. Foi o fundador do jornal “O Nauta”. O primeiro número apareceu nas bancas em 22 de Setembro de 1904. Manteve a sua publicação mais ou menos regularmente até 1955. O último número data de 31 de Dezembro deste ano de 55. Muita da história de Ílhavo encontra-se nas suas páginas através de crónicas que deram brado na época como a demolição da Capela das Almas ou ainda um problema entre o Bispo de Beja e os padres Ilhavenses: José e Manuel Ançã. O jornal teve colaboração de muitos Ilhavenses nomeadamente a de João Carlos Gomes que tinha na altura quinze anos e assinava sob o pseudónimo de Carlos Doherty. Procópio de Oliveira fez no Nauta particamente tudo: editor, redactor, anúncios, escrevia artigos e era o administrador. Pertencia ao círculo da minoria socialista que teve assento no Executivo Municipal de 1914 a 1916. Em Janeiro de 1914 esta minoria socialista apresentou um programa com quatro pontos onde se defendia a implementação da fixação de um salário mínimo, a limitação da jornada de trabalho de oito horas para os funcionários municipais, a instrução gratuita para todas as crianças até aos catorze anos e um serviço médico gratuito. Publicou o livro “Versos do Coração” em 1911, seguindo-se “Nevroses” em 1916; “Primeiras Letras” e “Portugal Jardim da Europa” em 1948. Faleceu no dia 14 de Janeiro de 1956, tinha 73 anos. Está sepultado no nosso cemitério Talhão nº1 campa 173. A Câmara Municipal atribuiu o seu nome à rua e travessa na zona do Rio Pereira a 17 de Abril de 1991 acta nº 11/1991. Este nosso conterrâneo, foi um vulto da cultura do seu tempo. Tem entrada em nome próprio na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira Vol. 19.

(Texto de João Balseiro)

Fontes: Biblioteca Municipal de Ílhavo, Jornal “O Nauta”, Jornal O Ilhavense, www.ramalheira.com e João Mulemba.

Clélia Alexandrina de Oliveira Monteiro Feio ( 1880 - 1939 )

Nasceu em 20-10-1880 na Costa do Valado, baptizada na Igreja Paroquial de Stº António da Oliveirinha, pelo Coadjutor Jorge dos Santos Mortadinha, neta paterna de Manuel Domingues de Oliveira e Rita Casimira, materna de Jorge da Costa Monteiro e Joana de Jesus, sendo padrinhos Henrique da Costa Monteiro e Rita Casimira. Era Prior nesta Paróquia, o Ilhavense Padre Francisco Ernesto da Costa Senos. Ainda muito nova residiu com os pais, naturais de Aveiro, em Nova Goa, onde fez a instrução primária. Do casamento com Procópio de Oliveira, Director do Jornal "O Nauta", nasceram os filhos Maria de La Salete Feio, Eurico de Oliveira, Procópio de Oliveira e Artur Feio de Oliveira. Filha do Major Bento Casimiro Feio e Maria da Apresentação Monteiro Feio, faleceu em 27-09-1939 com 59 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo.

José Nunes Guerra ( 1890 - 1961 )

Depois de ter passado pouco tempo pelo Seminário de Coimbra, saiu para frequentar o Ensino Liceal, tendo sido posteriormente nomeado Escrivão de Direito, exercendo em Silves, Soure e Lisboa. Desempenhou as funções de Administrador do Concelho de Ílhavo, de Abril de 1913 a Fevereiro de 1915. Na sua juventude, jogou futebol num dos clubes Ilhavenses da altura e era um exímio remador e nadador, sendo um apaixonado pela Costa Nova. Nasceu na Rua de Espinheiro em 06-05-1890, baptizado pelo Prior Manuel Branco de Lemos, filho de Paulo Nunes Guerra e Luísa de Jesus Ricoca, neto paterno de Joaquim Nunes Guerra e Maria de Jesus e materno de José dos Santos Labrincha e Luísa Rosa de Jesus. sendo padrinhos José dos Santos Labrincha e Maria de Jesus. Casou em 25-08-1923 com Berta Gomes Craveiro Guerra, nascendo os filhos Luísa Rosalina Craveiro Guerra Simões e Manuel Gomes Craveiro Guerra. Faleceu em Lisboa a 01-07-1961, encontrando-se sepultado no Cemitério de Ílhavo.

José Eduardo Rodrigues da Madalena

Seguindo as pisadas de seus familiares, foi um músico exímio e diversificado, tocando com mestria, tanto acordeão, como viola. Pertenceu ao grupo de ilhavenses que nos anos 50/60, abrilhantavam as ruas de Ílhavo, fazendo serenatas pela noite fora, às meninas mais bonitas e conhecidas de então. Participou no Conjunto Musical do Illiabum Clube, que, no seu antigo salão de festas em 02-12-1958, realizou um sarau por ocasião da passagem do XV Aniversário do Illiabum. Este conjunto de canções, viria a dar origem, ao chamado disco de Ílhavo, que integrava a Canção de Ílhavo, Por Ti, Canção do Marinheiro, Saudades da Praia, Mantas de Farrapos, Publecito Viejo, Corridinho de 1959 e Sonhando (estas duas últimas de autoria de José da Madalena). Amando a música, viria a faleceu num baile, neste mesmo salão, em honra aos Emigrantes, onde tocava com músicos ilhavenses. Filho de João Maria da Madalena e Maria da Conceição Rodrigues, encontra-se sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Amílcar Ferreira de Castro ( 1914 - 1972 )

Nasceu em Ílhavo a 09-11-1914, filho de Joaquim Ferreira Santiago e Leonor Nunes de Castro. Frequentou a Escola Primária, sendo seu professor, José Catarino. Começou por frequentar a Escola Técnica de Aveiro, passando depois para o Liceu José Estêvão. Prestou serviço na Armada Portuguesa, como voluntário, licenciando-se, de seguida, em Filologia Românica na Universidade de Coimbra, em 1944. Dissertou, na licenciatura, “A Egéria dos Estudantes de Coimbra”, trabalho que viria a ser publicado no suplemento de Biblos. Foi director na Escola Técnica de Chaves, tendo contribuído para a construção da nova escola e implementação de novos cursos. Como professor, exerceu em Águeda, Covilhã, Angra do Heroísmo, Famalicão e Aveiro, onde aqui assumiu as funções de Assistente Pedagógico do Ciclo Preparatório. Colaborou em várias publicações, sendo o fundador e orientador do jornal escolar Novos Horizontes, da Escola Técnica de Famalicão e impulsionador do jornal escolar O Mercantel de Aveiro. Fez parte do grupo fundador da Obra da Criança e foi presidente da Assembleia Geral do Illiabum Clube. Faleceu em 28-07-1972 com 57 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Manuel Almeida Bichão

Mais conhecido por Tété, era uma figura típica da nossa terra. Gostava de acompanhar as bandas filarmónicas nas procissões, por vezes com uma simples cana, simulando um instrumento musical. Quem lhe desse um cigarrinho ou um copinho de vinho, agradecia, trauteando uma cantiga. Ficou célebre o piropo que costumava dar às raparigas bonitas: “Eh chopa, amota a a pena a mim”. Filho de José Maria António Bichão e Rosalina Ferreira Almeida, faleceu em 02-05-1999 com 72 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

José Cândido Lopes

Irmão do conhecido Prof.º António Maria Lopes e tio de Manuel Bela (executante já falecido da Banda dos BVI), foi um dos principais fundadores da Banda dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, Música Nova. Era também executante (tocava trompa) e nunca abandonou a sua filarmónica. Tinha uma sapataria na Rua de Camões. No seu funeral, a Banda executou a marcha fúnebre “Martírio”, a primeira que a Música Nova tocou, logo após a sua fundação, em 15 de Abril de 1900. Casou aos 34 anos, em 27-11-1909 com Ana dos Santos Vidal de 25 anos. Filho de Tomé Lopes e Cândida Rosa de Jesus, faleceu em 28-02-1965 com 89 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Francisco José de São Marcos ( 1902 - 1950 )

Nasceu na Rua de Sto. António em 25-11-1902, baptizado pelo Coadjutor Manuel de Campos, filho de Francisco de São Marcos e Rita Esmerada, sendo padrinhos Cristóvão de São Marcos e Henriqueta Rosa de Jesus. Casou com Alexandrina de Jesus Ferreira. Médico de Clínica Geral, especializou-se em Estomatologia e tinha o seu consultório mesmo em frente ao antigo mercado do Torreão. Na sua juventude, mais propriamente em 1926/27, fez parte do chamado Jazz Illiabum, com João Marques Ramalheira (Guilhermino), João Rigueira, Marcos Queijeira, Evangelista Ramalheira, João Lavado, Jaime de Oliveira, José Guerra, João Teles e Júlio Carvalho. O reportório era à base de Fox, One Step, Tango e Valsa, que animava as noites Ilhavenses e também na Costa Nova, no antigo Salão Arrais Ançã, onde se dançava pela noite fora! Faleceu em 21-08-1950 com 47 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

Maria Henriqueta da Maia Alcoforado Cerveira ( 1870 - 1946 )

Mais conhecida em Ílhavo pela Senhora Maia, viveu no chamado Solar de Alqueidão, esbelta moradia com Brasão. Casou com o Dr.º António Frederico de Moraes Cerveira, em 13-10-1891, na Igreja Matriz, cuja cerimónia foi presidida por D. António Frutuoso Aires de Gouveia Osório, Bispo de Betsaida e Arcebispo de Calcedónia (foi também ministro dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça em 1892), pessoa íntima da família. Senhora duma bondade extrema, auxiliou muitos pobres da nossa terra, que a ela recorriam. A Comissão de Ilhavenses encarregada de erigir o Monumento aos Mortos da 1ª Guerra Mundial, inaugurado em 09-04-1924, deparou-se com grandes dificuldades, já que tinha dinheiro para o fazer, mas faltava o local apropriado. Lembraram-se de pedir ajuda à D. Maria Henriqueta, que prontamente ofereceu o sítio, mas para isso, teve que o recomprar, pois já era pertença do senhor Elias Melo. Logo após a inauguração do Monumento, a Comissão entregou o terreno à Câmara. Mais tarde, o Jardim ficou com o seu nome, Maria Henriqueta Maia. Na sequência desta dádiva, surgiram a Avenida Marechal Carmona (hoje Dr.º Mário Sacramento) e Avenida Salazar (hoje 25 de Abril). Ao ficar viúva, isolou-se, mantendo o luto integralmente, até à sua morte. O seu funeral foi uma verdadeira manifestação de pesar por parte dos Ilhavenses. Nasceu em 28-09-1870, filha de Manuel da Maia Alcoforado e Maria José Alcoforado da Maia, neta paterna de Joaquim Maria Alcoforado d'Azevedo Pinto e Henriqueta Fellipina da Maia Vieira e materna de Gil Alcoforado d'Azevedo Pinto e Maria dos Prazeres Barata Velloso, sendo padrinhos Dr. Ricardo José da Maia Vieira e a avó paterna. Faleceu em 14-01-1946 com 75 anos, estando sepultada no Cemitério de Ílhavo, num esbelto Jazigo de família, com Brasão e que data de 15-09-1890, à direita da Capela do Cemitério. É o segundo Jazigo mais antigo, logo a seguir ao da Família Rocha Fradinho, construído em 1889.

António Frederico de Moraes Cerveira ( 1864 - 1921 )

Nasceu na Freguesia de Mesquitela, Celorico da Beira, em 22-03-1864, filho de Jerónimo Frederico de Moraes Cerveira e Maria do Patrocínio Veloso, neto paterno de António Frederico de Moraes e Ana Joaquina e materno de António Vellozo d'Aragão e Maria Benedicta Barata da Costa, sendo o padrinho representado por João Botelho da Costa e Sá e madrinha Maria Emília Veloso. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Logo após o casamento com Maria Henriqueta da Maia Alcoforado Cerveira, em 13-10-1891, passou a viver no Solar de Alqueidão. Era um aristocrata, educado, com forte presença e sempre incentivou a sua esposa no auxílio aos mais desfavorecidos. Foi uma personalidade a quem a caridade mais deve. Foi Presidente da Câmara em 1898/1899/1900, altura em que foi construída a estrada de ligação de Ílhavo à Costa Nova do Prado e adquirido o terreno onde foi construído o antigo Mercado Municipal. No seu funeral, Ílhavo prestou-lhe uma brilhante homenagem. Nos ofícios na Igreja Matriz, participou a Orquestra da Filarmónica da Vista Alegre e no Cemitério, discursaram Diniz Gomes, Francisco Ramalheira, Dr.º Jaime Silva, Alberto Mendonça e Dr.º Francisco Alcoforado. Foi-lhe atribuída uma Rua, que vai da Rua S. António à Rua de Alqueidão. Faleceu em 14-01-1921 com 56 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, com sua esposa, num esbelto Jazigo de família, com Brasão.

Manuel da Maia Alcoforado ( 1840 - 1879 )

Manuel da Maia Alcoforado nasceu a 1 de Novembro de 1840 na Rua de Alqueidão. Os Ilhavenses de outrora conheciam essa moradia pelo Solar das Senhoras Maias. Era filho de Joaquim Maia Alcoforado de Azevedo Pinto e de Henriqueta Filipina da Maia Vieira. Formou-se em Direito com distinção na Universidade de Coimbra. Preparou-se para o acto de conclusões magnas com duas teses: “O actual estado de civilização: poderá o sufrágio universal considerar-se como verdadeira expressão da vontade nacional?” e “Que reformas deverão fazer-se na legislação pátria eleitoral?” Estudou a Constituição Política de todas as nações da Europa, algumas da América e até da República da Libéria para a primeira tese. Fez a história das antigas Cortes Gerais desde o reinado de D. João III até 1698. Incidindo o seu estudo principalmente sobre o Séc. XIX – a eleição das Cortes Constituintes de 1820 até à legislação em vigor para a segunda tese. Em 1874 foi eleito Procurador à Junta Geral e Conselheiro do Distrito pelo partido constituinte. Chegou a equacionar a hipótese de se candidatar a Presidente da Câmara de Ílhavo, contudo nunca foi candidato. Não são conhecidos os motivos. No ano de 1877 edita a revista ilustrada "Museu Tecnológico". O primeiro número desta revista saiu em Abril e tinha 28 páginas. Publicava o artigo de fundo: As diferenças específicas da indústria 1ª e 2ª partes. A revista número 2 surgiu em Julho tinha 44 páginas e era integralmente dedicada ao estudo sobre a indústria do sal. O número 3 é de Agosto e continua o estudo da indústria do sal. O número 4 saiu no mês de Setembro, o número 5 em Outubro, o número 6 em Novembro e continuavam, estas revistas, a publicar o estudo da indústria do sal que termina neste número 6. Ao contrário do que alguns escritores e estudiosos de Manuel da Maia publicaram, não foram só 6 as revistas, foram 7. Este último número foi editado em Janeiro de 1878 e era um ensaio de grande fôlego sobre salinas de Portugal, França, Itália, Áustria de Rússia. Com o aparecimento do “Museu Tecnológico” tornou-se muito conhecido tendo recebido os maiores elogios dos intelectuais de então e de toda a comunidade científica da época. Infelizmente a revista só teve sete (7) números publicados, a sua intenção era continuar, mas devido às condições precárias da sua saúde não conseguiu publicar mais nenhuma e esta última já foi publicada já em grande sofrimento, pois adoeceu gravemente e não chegou a recuperar totalmente. Foi considerado um dos maiores investigadores do seu tempo. Tinha preparado mais um estudo, sobre a indústria da cerâmica e a Vista Alegre que não concluiu. A Imprensa da Universidade de Coimbra publicou em 1867 o seu livro “Dissertação Inaugural” com 339 páginas que Manuel da Maia Alcoforado dedica à sua Mãe e a seus Tios. O Museu Marítimo de Ílhavo tem um exemplar. Era pai da Dona Henriqueta Maia. O livro Ílhavo – Ensaio Monográfico Séc. X ao Séc. XX 1ª Edição de 2007 de Senos da Fonseca traz uma pequena biografia de Manuel da Maia. Faleceu em Coimbra no dia 8 de Dezembro de 1879 com apenas 39 anos. Em 30 de Agosto do ano de 1920 é atribuído pela Comissão executiva da Câmara Municipal o seu nome à Avenida Manuel da Maia e posteriormente em 17 de Abril de 1991 a Câmara Municipal de Ílhavo atribui o seu nome à Rua Manuel da Maia Alcoforado (acta CMI 11/1991) que começa no términus da Rua Carlos Marnoto, conhecida como Rua do Pedaço. Esta circunstância da mesma personalidade ter o seu nome numa rua e numa avenida da mesma cidade deve ser ímpar no mundo. Está sepultado no Cemitério de Ílhavo no Jazigo nº 78.

(Texto de João Balseiro)

Fontes: BMI (Cátia Neves, Cláudia Rodrigues), MMI – Ciemar (Rosário Vieira Ribeiro); Arquivo do Jornal “O Ilhavense”, Jornal “O Nauta”; Livro “Vultos Ilhavenses da Terra dos Ílhavos” 1997 de Fernando Parracho; Livro “Ensaio Monográfico séc.x ao séc. xx 2007 de Senos da Fonseca; Maria José, João Aníbal Ramalheira e José Manuel Cachim.

Artur Razoilo do Sacramento ( 1890 - 1968 )

Pai do ilustre Dr.º Mário Emílio de Morais Sacramento, nasceu em Ílhavo no Adro, a 26 de Janeiro de 1890 e casou com D. Rita de Moraes Sarmento, em 12-07-1919. Na sua mocidade, pertenceu a um grupo de jovens Ilhavenses audazes, dinâmicos e empreendedores, que se destacaram em actividades artísticas e recreativas. Oficial da Marinha Mercante, desempenhou, durante muitos anos, o cargo de Comissário marítimo, a bordo de um transatlântico, que fazia viagens para o Ultramar. Quando deixou a vida marítima, ocupou o lugar de funcionário municipal, como gerente dos serviços eléctricos, em Ílhavo. Dedicou-se também, afincadamente, à reorganização dos serviços de incêndio, e em Janeiro de 1928 toma posse como comandante dos B.V.I. Mais tarde, assume novamente o comando dos bombeiros e, com a sua persistência e empreendedorismo, avança para a construção dum novo quartel, por detrás da Igreja Matriz, Avenida Manuel da Maia, que seria inaugurado em 24-04-1932, sendo padrinhos, Sílvia Senos e Mário Emílio Sacramento. Como desportista, jogou futebol na equipa de Mário Duarte, praticou vela, remo e foi um entusiasta radioamador. Filho de Bernardo Francisco Faúlho (Razoilo) e Maria Emília Rodrigues de Azevedo Sacramento, neto paterno de José Francisco Faúlho Razoilo e Luísa da Rocha Deus e materno de José Rodrigues do Sacramento e Libania Rodrigues de Azevedo, sendo padrinhos Manuel Francisco Faúlho Razoilo e Rosa Borges de Almeida. Faleceu em 16-01-1968 com 78 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de Família.

Yatch Razoilo (1908)

Navio de seu pai, Bernardo Francisco Faúlho (Razoilo

José Razoilo do Sacramento ( 1880 - 1962 )

Arquitecto, era irmão de Artur Razoilo do Sacramento. Fez parte do grupo inicial Chio-Pó-Pó de 1897, que saiu à rua a propósito duma charge político-local, com Samuel Ramos, José Craveiro, Manuel Teles, José Mendonça, Dr.º Samuel Maia, Manuel Sacramento, Eduardo Craveiro, João Francisco da Rocha, Álvaro Quaresma, Manuel Rigueira, Quim Camarão, Joaquim Rei Neto, Manuel Machado, Diniz Gomes e João Pereira Ramalheira Júnior e que ainda hoje se recorda nas bilhas da Vista Alegre, que comemoram o acontecimento. Filho de Bernardo Francisco Faúlho (Razoilo) e Maria Emília Rodrigues de Azevedo Sacramento, faleceu em 05-08-1962 com 82 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo, em Jazigo de Família.

Manuel Razoilo do Sacramento ( 1881 - 1964 )

Manuel Rasoilo do Sacramento, mais conhecido por Manelzinho Sacramento, filho de Bernardo Francisco Faúlho e de Maria Emília Rodrigues Azevedo Sacramento, nasceu em Ílhavo, no Largo do Oitão, em 30-11-1881, baptizado pelo Coadjutor José António Morgado, sendo padrinhos, os avós paternos, José Francisco Faúlho Rasoilo e Luísa Maria de Jesus. Foi casado com Silvina Gomes da Cunha, funcionária dos CTT, de quem não teve descendência. Era irmão de Artur Rasoilo Sacramento, tio da farmacêutica Maria Ivone Sacramento e do distinto médico Mário Emílio Sacramento. Também cunhado do Tenente Alberto Mendonça e capitão João dos Santos Redondo. Desenhador das Obras púbicas, era pessoa muito bem-disposta, enquanto a saúde o favoreceu. Tendo passado à situação de licença ilimitada, fez parte da Administração da Empresa de Pesca e Navegação de Aveiro e foi presidente da Assembleia Geral do Grupo dos Amigos do Museu de Ílhavo, desde 1941 até 1964. Retomou, depois, as suas funções oficiais. Muito activo na sua juventude, foi um dos actores da Revista «O Francês das Notas», com 2 actos e 5 quadros, de autoria de João Teles, João Marques Ramalheira e José Pereira Teles, que estreou em 4 de Setembro de 1924, no Teatro Municipal em Cimo de Vila e musicada por Berardo Pinto Camelo, João Marques Ramalheira e José da Silva. Com o seu irmão José Razoilo do Sacramento, fez parte do grupo inicial Chio-Pó-Pó de 1897, que saiu à rua a propósito duma charge político-local. Homem já com uma certa idade, convivia muito com a mocidade da nossa terra que muito o respeitava. Era uma figura típica, ali por perto do Café da Praça, perto da sua residência, agasalhado, de inverno, com a sua tradicional capa alentejana, que o protegia do frio. Fora, no tempo do Mário Duarte, um grande afeiçoado pelo desporto, defendendo sempre a sua «Académica» com fervor. Chegou a ser instrutor dos primeiros agrupamentos de futebolistas, sendo mesmo também jogador. Foi um dos últimos abencerragens da Velha Guarda de Ílhavo. Faleceu a 5 de Agosto de 1964, com 82 anos, deixando saudade aos amigos, daquele ancião agradável, que também poetava, em eventos festivos e aniversários propícios. Faleceu em 05-08-1964 com 82 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

(Texto de Dr.ª Ana Maria Lopes)

António Cândido Patoilo Teles ( 1921 - 1999 )

Nasceu em Ílhavo em 1921, filho de Amadeu Teles (artista em pintura e talha, pintou as ornamentações do Clube dos Novos em 13-11-1905, onde hoje se encontra a drogaria dos Vizinhos). Muito cedo começou por interessar-se pela pintura e cerâmica, influenciado, certamente, pelo seu pai e José dos Santos Patoilo, seu avô materno, ceramista da Vista-Alegre, entalhador e escultor. Cândido Teles começou a frequentar, desde muito cedo a praia da Costa Nova e, sem dúvida que foi atacado por aquele “bichinho” de amor, paixão e ternura que a Costa Nova, de antanho, despertava nas pessoas. Com os dotes artísticos à flor da pele, a paisagem, artisticamente, produziu efeitos. Aí, com cerca de 16 anos, conheceu o pintor Fausto Sampaio, de Anadia (o pintor das neblinas e transparências das água da Ria e de seus barcos típicos), com quem criou amizade. Começou por vê-lo trabalhar, por trabalhar a seu lado, por pintarem o mesmo quadro e discutirem o assunto, a composição, os retoques… Foi na Costa Nova do Prado que em 1939, com 18 anos, fez a sua primeira exposição, no Salão Arrais Ançã, salão de diversões por trás do Café Coração da Praia (foi propriedade de seu pai), onde houve uma manifesta reacção de interesse pela obra exposta. Fruto da sua profissão, oficial do Exército, C. Teles vive e interpreta ambientes distintos: Aveiro, Ílhavo, Açores, África (Angola, Guiné, S. Tomé e Moçambique), Madeira, Alentejo, Algarve, num intenso trabalho, sofrendo, em todos eles, uma influência dos meios, humano e paisagístico. O sul da Costa Nova, enquanto sul característico, que foi, pobre, mas típico e emblemático, sempre exerceu um fascínio no Artista. Nos Açores, ilha de S. Miguel, em 1944, C. Teles, marinhista ab initio, viu-se confrontado com poentes admiráveis, com paisagens de uma verdura exuberante, deixando-se também influenciar pela figura humana, em ambiente bucólico. Um ano foi o suficiente para pintar mais de uma centena de quadros. De volta a Aveiro por obrigações profissionais (colocação no Regimento de Infantaria nº 10), recomeçou a trabalhar a paisagem, agora com o nosso homem do mar, o pescador da ria, o moliceiro-homem e o moliceiro-barco. De 1945 a 51, o Mestre sentiu que a sua maneira de pintar se afastara de Fausto Sampaio e que um poder interpretativo mudara completamente. Entre 1951 e 55, o Artista deslocara-se para Huambo, uma África planáltica, que não era propriamente aquela África com que sonhara. O período verde começa a delinear-se, ainda não de uma forma tão acentuada como mais tarde, numa segunda missão em África. As figuras começam a surgir enquadradas na arborização original, entre bananeiras e embondeiros, acentuando-se uma diferença nítida de paleta, na transmutação da paisagem da época das chuvas para a da seca. A componente étnica é muito forte e forte também a ambiência que C. Teles retrata. Mais tarde, entre 1963 e 1965, o profissional foi chamado a comandar um batalhão em Angola, desta vez, em Uíge, terra do café e das mulheres, nas suas capulanas muito garridas, geometrizadas e exóticas, com um carisma muito próprio. Numa série de trabalhos, a mulher era a figura central. Em 1956, volta à Metrópole, como era uso dizer-se, e passou por um período de inactividade artística, até 1961, em que frequentou o Curso do Estado-maior, em Lisboa. Em 1962, passa o ano na Madeira, em actividade profissional, que aproveita para registar outras ambiências e expor no Funchal. Aí conhece Júlio Resende, cujo contacto e amizade retoma, em Évora. Foi um período muito rico, na sua vida artística. Como ele próprio confessa, além de reencontrar a amizade de Júlio Resende, tem uma grande aceitação nos meios culturais, integra-se no grupo artístico A Trave, com muitíssimas exposições periódicas e no Pró-Évora. Além de muitas ceifas e cenas campesinas (o pastoreio, as searas douradas, o trabalho duro, nos seus ocres, amarelos, alaranjados, avermelhados), retratou muito o Alentejo urbano, de Évora e Monsaraz ao Alandroal, tendo ficado bem marcado um período especial da sua paleta – o chamado Alentejo branco. Regressou a Moçambique, em Outubro de 1971 até 1973, como Chefe do Estado-maior da então Província Portuguesa, onde viveu, de novo, intensamente a guerra. É o período das primeiras monotipias. Surgem quadros com mulheres famints, personagens pobres, maltrapilhas, mutiladas. Pouca paisagem fixou. Predominaram as cores soturnas e dramáticas no motivo. Depois de 1977, com o regresso a Ílhavo, dá-se a reintegração, empenhado em ir buscar as coisas que estavam a desaparecer: a xávega, a pesca na Ria, a faina do moliço que procura reviver… dedica-se mais à figuração, recorre às figuras, às pescadeiras, aos marnotos, aos barcos que ainda existem e evocou o sul da Costa Nova. Não voltou a pintar do natural. Adquiriu uma série de conceitos novos (técnicos e estéticos) que depois aplicou aos temas que tratou no passado. Por exemplo, os quadros sobre a Ria têm efeitos matéricos que são fruto de uma técnica vinda do Alentejo e outros influenciados pela paleta africana. Pelos anos 80, embrenhado nos temas lagunares, passa a empenhar-se, a fundo, na cerâmica e na escultura em barro vidrado. Depois de várias experiências que teve desde o Alentejo, passando por Oliveira do Bairro, ingressou na Olarte – Aveiro, onde se reúne com ceramistas aveirenses de nomeada. Aí produziu, nos anos 85/86 três painéis cerâmicos de grés vidrado – Faina do Sal, Pesca da Ria e a Faina do Moliço que, com grande visibilidade pública, adornam, aqui em frente, o coração da cidade, do lado de lá da Ria, junto à Ponte Praça, na Rua do Clube dos Galitos. Nos anos 90, já com 70 anos de idade, o vigor físico não seria o mesmo, mas C. Teles não pára. Com base nos caderninhos de apontamentos e esquissos de décadas anteriores, revisita os lugares da sua terra e regiões lagunares da sua juventude, que, entretanto, fruto do progresso e evolução sociológica natural, se descaracterizaram. Para melhor, certamente, mas houve todo um imaginário que as pessoas mais sensíveis gostam sempre de evocar: a Malhada, as Folsas Novas, a ponte de Fareja, sempre o sul da Costa Nova, os canais de Aveiro, os cais, as duras fainas da Ria e mar, etc… Como era sua intenção, doou a sua obra à Câmara Municipal da sua terra natal. Filho de Amadeu Simões Teles e Maria Vitória Patoilo, faleceu em 31-10-1999 com 78 anos, estando sepultado no Cemitério de Ílhavo.

(Texto adaptado da Dr.ª Ana Maria Lopes)









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